Mentira!

Neste blog e noutros sites do autor poderá prever o futuro do país tal como o presente foi previsto e publicado desde fins da década de 1980. Não é adivinhação, é o que nos outros países há muito se conhece e cá se negam em aceitar. Foi a incredulidade nacional suicidária que deu aos portugueses de hoje o renome de estúpidos e atrasados mentais que defendem os seus algozes sacrificando-se-lhes com as suas famílias. Aconteceu na Grécia, acontece cá e poderá acontecer em qualquer outro país.
Freedom of expression is a fundamental human right. It is one of the most precious of all rights. We should fight to protect it.

Amnesty International


7 de agosto de 2007

Emigração – fenómeno a ponderar

Tem-se falado na incomodidade dos nossos emigrantes devida ao encerramento de consulados e, como que por acaso, deparo com um texto de Eça de Queiroz, datado de Janeiro de 1872, inserido no livro «Uma campanha alegre», 14º volume das Obras completas, da Resomnia Editores, onde a páginas 216-221, aborda este tema. Dele vou aqui transcrever um excerto que é muito esclarecedor daquilo que ainda hoje se passa.

Agitou-se, e agita-se ainda a questão da emigração. Há um homem, Mr. Charles Nathan, que leva para Nova Orleães, com bons salários, todas as actividades que se ofereçam.

A emigração, entre nós, é decerto um mal.

Em Portugal quem emigra são os mais enérgicos e os mais rijamente decididos; e um país de fracos e de indolentes padece um prejuízo incalculável, perdendo as raras vontades firmes e os poucos braços viris.

Em Portugal a emigração não é, como em toda a parte, a trasbordação de uma população que sobra; mas a fuga de uma população que sofre. Não é o espírito de actividade e de expansão que leva para longe os nossos colonos, como leva os ingleses à Austrália e à Índia; mas a miséria que instiga a procurar em outras terras o pão que falta na nossa.

Em Portugal, a emigração, tomando o rumo dos países estranhos, contraria a necessidade urgente de regularizar interiormente uma emigração de província a província.

Em Portugal, a emigração não significa ausência – significa abandono. O inglês, por exemplo, vai à Austrália e à América fazer um começo de fortuna – para voltar a Inglaterra, casar, trabalhar, servir o seu país, a sua comuna, trazendo-lhe o auxílio da vontade robustecida, da experiência adquirida, do dinheiro ganho; para Portugal, o emigrante que volta, provido de boa fortuna, vem ser um burguês improdutivo, uma inutilidade a engordar.

Enfim e emigração é má, o Sr. Nathan funesto. Somente o nosso pesar é que o Sr. Nathan, em lugar de alguns centenares dos nossos – não nos queira levar a nós todos. Porque partimos já, sem hesitação, em massa. Fugimos das cebola do Egipto. E, mais felizes do que os israelitas, temos em lugar do incerto milagre do mar Vermelho – os excelentes vapores da Liverpool and Mississipi Stream Campany.

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