Mentira!

Neste blog e noutros sites do autor poderá prever o futuro do país tal como o presente foi previsto e publicado desde fins da década de 1980. Não é adivinhação, é o que nos outros países há muito se conhece e cá se negam em aceitar. Foi a incredulidade nacional suicidária que deu aos portugueses de hoje o renome de estúpidos e atrasados mentais que defendem os seus algozes sacrificando-se-lhes com as suas famílias. Aconteceu na Grécia, acontece cá e poderá acontecer em qualquer outro país.
Freedom of expression is a fundamental human right. It is one of the most precious of all rights. We should fight to protect it.

Amnesty International


30 de julho de 2009

Luta Pela Liberdade

Após tantas tentativas para decapitar os patriotas bascos, as bombas continuam a explodir numa demonstração daquilo que todos conhecem e que os castelhanos teimam em ignorar: tal como na Palestina e noutros casos idênticos, quanto maior for a repressão odiosa maior será a reacção. Os filhos dos sacrificados multiplicarão as acções contra os ocupantes agressores.

É evidente que o governo central Castelhano se esforça por manter a situação tal como ela se encontra. Se o governo e a população alguma vez quisessem mudar e optar pela paz, adoptariam a única medida existente nesse sentido e que eles bem conhecem: a autonomia total do país de acordo com a Carta das Nações Unidas.

Enquanto não o fizerem os Bascos têm o direito universalmente reconhecido de lutar contra a ocupação exactamente da mesma forma que os franceses o fizeram contra a ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial. A resistência francesa, comandada pelo General De Gaule, foi e tem sido alvo dos maiores elogios e honras nacionais, enquanto os seus colaboradores que mais bombas fizeram rebentar são considerados heróis. Não podemos separar os dois casos e apadrinhar medidas diferentes para um mesmo problema.

Os Bascos não têm qualquer relação étnica com os Castelhanos nem povos vizinhos, nem mesmo de longe. Que fazem lá, pois, os Castelhanos? Aprisionar e matar os Bascos só pode resultar numa palestinização do problema. Quantos mais os tentarem esmagar maior será a reacção. A experiência tem-no-lo demonstrado.

As discussões sobre a paz têm sido sempre sabotadas pelos governos Castelhanos, como se sabe. O povo espanhol, estúpido ou estupidificado pelos seus políticos, faz demonstrações contra os Bascos em lugar de exigir a paz do governo. Os espanhóis não querem a paz, mas um domínio colonial.

Os Castelhanos sempre foram os criminosos mais sanguinários da História Universal e os seus genocídios e torturas espantam por uma crueldade viciosa e única no mundo. Não obstante, confessam-se orgulhosos pelos herois, um bando de assassinos e exterminadores, dando os seus nomes a ruas em cidades. Tentam esconder os seus crimes, mas podemos lê-los em muitos livros. Estes dois links são bem expressivos:
http://en.wikipedia.org/wiki/Bartolomé_de_las_Casas
http://recherche.univ-lyon2.fr/grimh/ressources/concours/Carlos%20V/Casas%20Destruccion.pdf

Agressão colonial é o modo como respondem ao grito dos Bascos pela autonomia. Franco deu permissão à Luftwafe para bombardear e matar no país basco para se treinar. Já todos se esqueceram do quadro de Picasso, Guernica, e o que ele costumava referir a seu propósito? Não sabemos que a Espanha se opõe sempre à liberdade e autonomia de qualquer país, seja ele qual for? Porquê? Não querem a paz.

Para termos conhecimento de como estes casos são abordados pela imprensa internacional, basta-nos uma simples pesquisa na internet usando as palavras «Basque» e «bomb», por exemplo; quando sobre um caso em perticular acrescentar o nome do local. Não lemos nenhuma crítica do género das da jornaleirada imunda portuguesa. Jamais se lê a palavra «terrorismo» ou qualquer dos seus compostos ou derivados em relação aos Bascos. Só a canalha nacional imita a canalha castelhana chamando de terrorista a um povo ou a actos a que todo o mundo classifica como de separatista. É verdadeiramente ignóbil o modo como a falsa matrona da correspondente da RTP em Espanha apresenta estes casos.

A jornaleirada nacional, incapaz e sem profissionalismo, mente e encobre. Em tudo e com tudo. Do lixo fabrica scoops. Veja-se mais sobre estes assuntos no post imediatamente anterior a este e aqui.

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29 de julho de 2009

Desinformação Generalizada

A desinformação jornaleira vai de vento em poupa, paralelamente com a corrupção. A incapacidade profissional manifestada a nível nacional, em mistura com o orgulho pedante, descabido e injustificado por se basear em valores que não o são, atinge qualquer profissão sem excepção. As que mais prejudicam o país são certamente as mais importantes, como governantes, magistrados, juízes e médicos. A lista é interminável e dela faz ainda parte a jornaleirada.

Há quasee duas semanas a RTP noticiou a resolução governamental de excluir os homossexuais dos dadores de sangue pelo maior risco que o seu sangue apresentava para a transmissão da SIDA. Fizeram um grande scoop sobre o assunto, incluindo uma alocução da Comissária europeia da saúde. Expuseram o caso como uma excepção e anomalia por não existir nenhuma recomendação europeia sobre o assunto. Todavia, limitaram-se a esse ponto de vista e não fizeram qualquer alusão a muitos países, europeus ou não, terem muito anteriormente adoptado a mesma norma. Na realidade, não se trata de discriminação, mas de prevenção, caso em que todas as medidas que possam evitar a propagação duma doença perigosa para a população em geral. Não se pode imaginar uma medida discriminatória quando vindo dum governo que tem anunciado que vai instituir o “casamento” entre anormais homossexuais. Não cabe aqui esta discussão, mas apenas o facto de evitar a propagação da SIDA, medida de prevenção.

Poucos dias antes, tínhamos assistido a outra patranha jornaleira. A Manuela Moura Guedes, num seu noticiário em que falou sobre as recentes medidas do governo no sentido de ampliar a já existente reciclagem de desempregados. Criticou essas medidas, não como a jornalista que deveria ser mas não é, mas como uma trapaceira, já ela mesma criticada pelo director do conselho deontológico do sindicato dos jornalistas (vista no programa Clube de Jornalistas, onde por qualquer motivo ela se recusou a aparecer), não pelas notícias que apresenta, mas pela forma como o faz. Para ela, a reciclagem dos desempregados tratava-se dum programa desnecessário que de nada servia senão para despender o dinheiro do Estado. Afinal, esta reciclagem não nos trás nada de novo, pouco mais sendo que propaganda política do Sócrates, pois que existe há muito. Com efeito, quando ela chegou a Portugal já havia décadas que fora implantada em países avançados, como de costume. É uma medida considera como a mais eficiente no combate contra o desemprego. Muito para além da utilidade profissional dos cursos, sabe-se que uma das causas do desemprego a longo termo é o desânimo sentido pelo desempregado na busca infrutífera dum novo emprego. Para este efeito, nos países europeus mais desenvolvidos e com menos desemprego existem mesmo cursos com a única finalidade de aumentar a efectividade na procura de emprego e não qualquer outra formação didáctica. Este tipo de cursos nem existe em países atrasados como em Portugal.

A Manuela, tal como a outra jornaleirada da RTP, escondem assim a realidade encobrindo factos cruciais ao conhecimento e entendimento gerais. É este o procedimento habitual dos jornaleiros portugueses. Escondem os factos, impedindo que as pessoas tomem conhecimento da realidade, moldam a ignorância nacional sobre tudo, mais facilmente, evidentemente, quando os factos em causa são específicos e muito poucos os conhecem. Oportunismo.

O romance criado à volta da gripe A ou HN1 é outro caso, o aproveitamento dum caso quase comum para fazerem scoops, cuja serventia não se encontra para além da de amedrontar a população. Com efeito, esta gripe está considerada como sendo até mais benigna que a gripe dita ”normal”. Todos os anos surgem novos vírus de gripe aos quias se adapta a vacina da época, o caminho seguido com a do HN1. Não é mais perigosa que as outras, pelo que o número de mortes dela derivado se tem verificado como menor. Não será esta uma prova? Não obstante o tempo de antena que lhe tem sido abusivamente dedicado, nunca se insistiu nesta simples mas esclarecedora informação.

É esta a gentalha ordinária que fala como labregos engravatados julgando-se donos da língua, transformando o sentido dos termos e mentindo descaradamente ou escondendo a realidade. É a isto que em Portugal chamam de jornalistas. Que aprenderam eles nos poucos anos do seu curso? A esconder, a mentir e a falar mal? Que consideração pode merecer esta pandilha de aldrabões desnaturados, de pedantes imundos? Todas as notícias devem ser dadas como constato e não fabricadas. Não é da sua profissão criticar qualquer governo ou partido, mas o de apresentar os factos. Contudo, se escolherem fazê-lo, fazenda para cortar não falta sem necessidade de maltratarem o seu ofício que não sabem ou não querem desempenhar. Quem poderá acreditar na fidelidade das notícias que fabricam, senão desmiolados incapazes de usar a mioleira ou mandriões que não a queiram esforçar?

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19 de julho de 2009

Discutir para decidir

Depois do post Pensar antes de decidir, encontrei hoje num artigo de opinião do Correio da Manhã, que transcrevo, a mesma ideia aplicada ao funcionamento dos partidor políticos, num momento em que se torna urgente rever as prioridades, e enfatizar o esforço de esclarecer a população por forma a permitir aos eleitores votar em consciência no dia das eleições. Esse esforço produziria também nos políticos um melhor conhecimento real da situação e aprender a separar o essencial do secundário.

O artigo não permite salientar uma ou outra frase porque todo ele é sumo. É uma lição condensada, intensa, densa em que nada se pode desperdiçar. Vale a pena ser lido principalmente pelos decisores políticos.

Discutir para decidir

CM. 19 Julho 2009, por João Vaz

Desde criança que todos nós cultivamos admiração por quem clama "O rei vai nu!" O conto infantil tradicional tem uma lição poderosa: o pensamento dominante cobre muitos embustes; e é difícil alguém levantar-se contra o estabelecido.

O contributo para o debate político lançado com assinaturas de 25 intelectuais traz um alerta necessário. Nas campanhas eleitorais aposta-se muito mais no marketing do que no esclarecimento.

Portugal, que já tem uma das menos diferenciadas alternativas partidárias, com PS e PSD a evocarem o mesmo tipo de preocupações sociais e igual cartilha económica, encontra-se carente de debate político. São muitas as experiências frustrantes de cidadãos que se vêem rejeitados quando tentam discutir os problemas do País nas instâncias partidárias. Ficam fora porque não há tempo para discutir ideias. Passa sempre à frente a urgência de tratar da atribuição de um qualquer lugar público.

Não se discute políticas antes de se decidir escolhas. E é grave que isto seja assim. Recentemente, vimos como se queimou a hipótese Jorge Miranda para provedor de justiça ao pôr o nome da pessoa à frente do acordo partidário. Resta saber se o clamor "o rei vai nu!" pega no Verão. É que, agora, o fresco é o mais desejável. Mas é urgente encontrar o hábito e a organização para discutir política. Política mesmo, não só nomeações.

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15 de julho de 2009

Vamos limpar Portugal

Recebemos notícia de uma operação de limpeza do lixo disseminado pela superfície da Estónia, levada a cabo por toda a população que teve efeito em poucas horas, vejam como-limpar-um-pais-em-horas, postado há dias pelo amigo Luís.

Efectivamente, vivemos num lindo planeta, mas estamos a destruí-lo todos os dias.
Há lixo em todos os lugares; praias, cidades, florestas e até nos oceanos.


É preciso limpar o nosso País. Para isso é indispensável a colaboração de todas as pessoas, organizações e comunidades para concretizar esta ideia e encontrar parceiros confiáveis, nas autoridades, nas empresas com meios adequados para este efeito.

Não se trata de acção política, eleitoral, mas se os partidos quiserem, desde já, entrar nessa operação, que deve ser permanente, só terão vantagem aos olhos do povo.

Será útil a colaboração voluntária das pessoas, quem empreste equipamentos, transportes e os “midia” que estimulem os voluntários.

O grande dia de encerramento da operação será 8 de Novembro e, então,quando finalmente o País estiver limpo, será uma expansão da alegria para os portugueses, ao gosto local, conforme a disponibilidade de autarquias e organizações da região.

E será bom que daí se conclua que será mais fácil não poluir, não espalhar lixo, entulhos e escombros.

Esta mensagem deve ser difundida por todos os portugueses, e em cada Freguesia e Concelho, devem ser organizadas as acções mais adequadas, tendo sempre em vista o benefício que daí resultará para o ambiente e para as pessoas.

Aceito as vossas propostas que podem ser, e certamente serão, muito diferentes.

* Trabalho feito em conjunto com os amigos João e Luís. Contamos com a participação activa de todos os colaboradores e leitores.
Fernanda Ferreira

Este post é a transcrição feita do blog Sempre Jovens e tem a intenção nele bem descrita. Pede-se a colaboração de todos os portugueses conscientes, de boa vontade, quer individualmente quer através das organizações ou instituições a que pertençam.

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3 de julho de 2009

Manuel Pinho o rufião do bairro

Não é fácil deixar de publicar a foto que vem em todos os jornais, mas não ocuparei espaço com ela, por tais porcarias «insólitas e lastimáveis não merecerem demasiada atenção. Porém não se pode deixar de reflectir sobre o que representa a atitude indecorosa de um membro do Governo (terceiro órgão de soberania) na sede do Parlamento (segundo órgão de soberania) e num momento de grande solenidae e interesse para o País e para o Governo por estar a ser analisado o «Estado da Nação». Se os governantes não respeitam quem está acima de si na hierarquia do Estado democrático, mesmo em acto oficial, protocolar, como pode querer que alguém o respeite?

Manuel Pinho comportou-se em local que lhe exigia respeito, como um vulgar carroceiro entre iguais, como o rufião que quer mostrar que é o «gajo mais valentão» do seu bairro. Ele que aconselhou um chefe de bancada da oposição a tomar muita «papa maizena» precisa de um espelho para ver que ele é que precisa de muita papa de farinha amparo, para ser amparado de cometer criancices despropositadas e inoportunas. Mas cada um usa e mostra o que tem, cada um diz o que sabe e age conforme a sua educação, cultura e saber.

Porém, segundo as notícias, isto é apenas a ponta do iceberg, pois os políticos não primam pela cortesia pela compostura nas palavras e nos gestos entre si, em actos oficiais públicos.
Mas este caso, embora de características mais visíveis, não é invulgar, pois a sessão legislativa prestes a terminar foi fértil em cenas de trocas de insultos e até de palavrões. José Sócrates disse a um chefe de bancada: "Senhor deputado, esteja caladinho e ouça", (repito: um deputado é elemento do órgão de soberania de hierarquia superior à do Governo). José Sócrates, em desrespeito pela organização e funcionamento do Parlamento, disse à deputada do PEV: «o seu partido é um embuste». O PM ainda ontem chamou «mentiroso e intelectualmente desonesto» a um líder partidário. Um dia disse ao mesmo líder : «o Sr deputado não tem experiência nem currículo e, no dia seguinte, circulou por e-mail o currículo do referido líder que é o infinito ao lado do zero de Sócrates. Em Março, o deputado José Eduardo Martins disse ao deputado Afonso Candal: "Vai para o c...".

Mas a lista , incluindo palavras mais ofensivas, pode tornar-se muito mais extensa, o que nos leva a perder todo o respeito pelos políticos, os tais que deixam muitos problemas graves do País sem solução mas que se unem todos para votarem a vergonhosa lei do financiamento dos partidos com «dinheiro vivo», felizmente vetada pelo PR. Perante isto o único voto que realmente merecem é o VOTO EM BRANCO.

Seguem-se links para artigos de jornal sobre este caso:

Manuel Pinho demitido em pleno debate
Manuel Pinho demite-se
Episódio não é "insólito" no Parlamento
Imagem do Governo sai afectada
As reacções à demissão de Manuel Pinho

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1 de julho de 2009

O Estado do País da Mentira

O artigo que se segue foi escrito por José Ricardo Costa, um professor de Filosofia que escreve semanalmente para o jornal O Torrejano. Descreve a fonte da quase totalidade dos problemas do país.

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O Atestado Médico

Imagine o meu caro que é professor, que é dia de exame do 12º ano e vai ter de fazer uma vigilância. Continue a imaginar. O despertador avariou-se durante a noite. Ou fica preso no elevador. Ou o seu filho, já à porta do infantário, vomitou o quente, pastoso, húmido e fétido pequeno-almoço em cima da sua imaculada camisa. Teve, portanto, de faltar à vigilância. Tem falta.

Ora esta coisa de um professor ficar com faltas injustificadas é complicada, por isso convém justificá-la. A questão agora é: como justificá-la? Passemos então à parte divertida. A única justificação para o facto de ficar preso no elevador, do despertador se avariar ou de não se poder ir para uma sala do exame com a camisa vomitada, ababalhada e malcheirosa, é um atestado médico.

Qualquer pessoa com um pouco de bom senso percebe que quem precisa aqui do atestado médico será o despertador ou o elevador. Mas não. Só uma doença poderá justificar sua ausência na sala do exame. Vai ao médico. E, a partir deste momento, a situação deixa de ser divertida para passar a ser hilariante. Chega-se ao médico com o ar mais saudável deste mundo. Enfim, com o sorriso de Jorge Gabriel misturado com o ar rosado do Gabriel Alves e a felicidade do padre
Melícias. A partir deste momento mágico, gera-se um fenómeno que só pode ser explicado através de noções básicas da psicopatologia da vida quotidiana. Os mesmos que explicam uma hipnose colectiva em Felgueiras, o holocausto nazi ou o sucesso da TVI.

O professor sabe que não está doente. O médico sabe que ele não está doente. O presidente do executivo sabe que ele não está doente. O director regional sabe que ele não está doente. O Ministério da Educação sabe que ele não está doente. O próprio legislador, que manda a um professor que fica preso no elevador apresentar um atestado médico, também sabe que o professor não está doente.

Ora, num país em que isto acontece, para além do despertador que não toca, do elevador parado e da camisa vomitada, é o próprio país que está doente. Um país assim, onde a mentira é legislada, só pode mesmo ser um país doente.

Vamos lá ver, a mentira em si não é patológica. Até pode ser racional, útil e eficaz em certas ocasiões. O que já será patológico é o desejo que temos de sermos enganados ou a capacidade para fingirmos que a mentira é verdade.

Lá nesse aspecto somos um bom exemplo do que dizia Goebbels: uma mentira várias vezes repetida transforma-se numa verdade. Já Aristóteles percebia uma coisa muito engraçada: quando vamos ao teatro, vamos com o desejo e uma predisposição para sermos enganados. Mas isso é normal. Sabemos bem, depois de termos chorado baba e ranho a ver o 'ET', que este é um boneco e que temos de poupar a baba e o ranho para outras ocasiões. O problema é que em Portugal a ficção se confunde com a realidade. Portugal é ele próprio uma produção fictícia, provavelmente mesmo desde D.Afonso Henriques, que Deus me perdoe.

A começar pela política. Os nossos políticos são descaradamente mentirosos. Só que ninguém leva a mal porque já estamos habituados. Aliás, em Portugal é-se penalizado por falar verdade, mesmo que seja por boas razões, o que significa que em Portugal não há boas razões para falar verdade. Se eu, num ambiente formal, disser a uma pessoa que tem uma nódoa na camisa, ela irá levar a mal. Fica ofendida se eu digo isso é para a ajudar, para que possa disfarçar a nódoa e não fazer má figura. Mas ela fica zangada comigo só porque eu vi a nódoa, sabe que eu sei que tem a nódoa e porque assumi perante ela que sei que tem a nódoa e que sei que ela sabe que eu sei.

Nós, portugueses, adoramos viver enganados, iludidos e achamos normal que assim seja. Por exemplo, lemos revistas sociais e ficamos derretidos (não falo do cérebro, mas de um plano emocional) ao vermos casais felicíssimos e com vidas de sonho. Pronto, sabemos que aquilo é tudo mentira, que muitos deles divorciam-se ao fim de três meses e que outros vivem um alcoolismo disfarçado. Mas adoramos fingir que aquilo é tudo verdade. Somos pobres, mas vivemos como os alemães e os franceses. Somos ignorantes e culturalmente miseráveis, mas somos doutores e engenheiros. Fazemos malabarismos e contorcionismos financeiros, mas vamos passar férias a Fortaleza. Fazemos estádios caríssimos para dois ou três jogos em 15 dias, temos auto-estradas modernas e europeias, mas para ver passar, a seu lado, entulho, lixo, mato por limpar, eucaliptos, floresta queimada, barracões com chapas de zinco, casas horríveis e fábricas desactivadas.

Portugal mente compulsivamente. Mente perante si próprio e mente perante o mundo. Claro que não é um professor que falta à vigilância de um exame por ficar preso no elevador que precisa de um atestado médico. É Portugal que precisa, antes que comece a vomitar sobre si próprio.

José Ricardo Costa

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Quando algum dia estivermos fartos do estado lastimável em que vivemos sob todos os pontos de vista, teremos que começar por o perder orgulho em coisas que não o justificam, esse orgulho em sermos rascas e estúpidos e que desde a Abrilada começou a assassinar os verdadeiros valores éticos, históricos e morais nacionais e a substitui-los por princípios reles. A auto-estima, no presente igualmente assente em bases semelhantes, também só é justificável quando tem razão de ser. Não quando políticos e jornaleiros no-la querem inculcar; uns para nos sacarem votos, outros para venderem mais patranhas.

Será possível ler-se o artigo acima sem se pensar nos churros de mentiras da Manela Leiteira e do Socrateiro? No entanto, exímios em marketing, se assim nos falam é por sermos os lorpas que eles sabem, por sabermos que é o que queremos ouvir para votarmos neles.

A culpa é só nossa; eles apenas se aproveitam como desonestos que são, mas não mais desonestos do que aqueles que se regem pelos mesmos princípios, que os seguem e que neles continuam a votar e a lamentar-se em lugar de agir. Entretanto, parem de chamar a isto uma democracia. Tal como o autor diz – e também com os políticos – de tanto repetir uma mentira acaba-se por se crer que é uma verdade.

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