Mentira!

Neste blog e noutros sites do autor poderá prever o futuro do país tal como o presente foi previsto e publicado desde fins da década de 1980. Não é adivinhação, é o que nos outros países há muito se conhece e cá se negam em aceitar. Foi a incredulidade nacional suicidária que deu aos portugueses de hoje o renome de estúpidos e atrasados mentais que defendem os seus algozes sacrificando-se-lhes com as suas famílias. Aconteceu na Grécia, acontece cá e poderá acontecer em qualquer outro país.
Freedom of expression is a fundamental human right. It is one of the most precious of all rights. We should fight to protect it.

Amnesty International


28 de julho de 2007

Idosos esquecidos pelo Poder

Milhares de idosos e famílias deparam com falta de resposta para necessidades, por vezes urgentes, devido ao envelhecimento da população e ao insuficiente investimento em lares, estando 18 mil pessoas em lista de espera para conseguir lugar num lar, segundo disse o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNI), o padre Lino Maia. Estes números, de finais de 2006, dizem apenas respeito ao universo dos estabelecimentos geridos pelas instituições particulares de solidariedade social (IPSS), que representam a fatia de leão da rede de serviços a idosos.

Em conformidade com dados do Instituto Nacional de Estatística, a população com mais de 65 anos já representava 17,1% da população em 2005, prevendo-se que em 2025, este grupo possa corresponder a mais de 20% da população, mas o investimento em novos equipamentos para atender às necessidades deste segmento da população está longe de acompanhar a sua progressão. As estatísticas da Segurança Social identificavam 949 lares, em 1998, com protocolos com o Estado. Ao longo da última década só abriram mais 251 estabelecimentos, o que perfaz um total de 1200 lares actualmente, que servem apenas 43 mil utentes. As ofertas oriundas do sector privado servem actualmente um universo de apenas oito mil utentes segundo informações fornecidas pela CNI, e a preços fora de alcance para a larga maioria dos idosos portugueses, que auferem pensões médias da ordem dos 300 euros.

Por outro lado, a carência de serviços de apoio à terceira idade é ainda mais preocupante, se atendermos à tendência para o adiamento da idade de reforma de que resulta ser o cuidar dos pais uma tarefa cada vez mais dificultada.

A complexidade do problema reside também na consequência da redução do número de filhos por família, ou mesmo na ausência de descendência o que, a prazo, significa que haverá menos filhos para cuidar dos pais ou não existirão sequer, e os idosos ficarão completamente desamparados.

Mas os abutres estão á espreita. Fazendo as contas ao envelhecimento que se espera da população portuguesa, os capitalistas perceberam que este é um negócio com grande futuro, a justificar investimentos, assim como todos os que se relacionarem com as consequências do envelhecimento da geração baby boom que atinge nos próximos anos a idade da reforma. Os grandes bancos e seguradoras já entraram na corrida. Eles não costumam perder boas oportunidades de negócio. E que outro mercado oferece taxas de crescimento tão seguras como o da terceira idade? O segmento alvo destes grupos económicos não são os idosos com pensões de apenas 300 euros, mas a classe média-alta, seja ela portuguesa ou oriunda dos países do Norte da Europa.

Esta é uma daquelas áreas em que a intervenção do Estado é essencial. Se na questão da natalidade, essencial para o equilíbrio da economia nacional, cabe ao Estado promover o nascimento de mais crianças, também na questão do envelhecimento da população, deve o Estado intervir directamente e encontrar soluções.

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27 de julho de 2007

Contradições e precipitações dos políticos

Não é necessário estar muito atento às notícias para notar as frequentes contradições e precipitações que são sinal de ausência de uma estratégia de governo com objectivos bem definidos e medidas coerentes a convergir para os superiores interesses da Nação que passam pela melhoria das condições de vida, na saúde, no ensino, na segurança, na Justiça, etc.

A contradição que hoje me chamou a atenção foi o prometido apoio a idosos do interior do País, criando condições para se manterem em casa, após melhorias nestas e visitas regulares de assistentes sociais e técnicos auxiliares. Não se vê em que linha coerente se insere esta decisão. Ela vem opor-se à política sistematicamente seguida de desertificação do interior (fecho de escolas, de maternidades, de centros de saúde, de SAP, de urgências, de tribunais, etc.). Os idosos têm pressionado os autarcas e estes, através da comunicação social, têm conseguido que, em alguns caso excepcionais, o ministro da Saúde tivesse recuado. Estas contradições, evidenciam precipitação e impulsividade nas decisões, inutilidade da enorme quantidade de assessores, ignorância da metodologia de preparação de decisões e inconsciência ou desprezo em relação às principais finalidades da governação. Estas maleitas não são exclusivas do actual governo, pois têm vindo a ser constatadas desde há alguns anos.

Outra contradição é a do caso Charrua em que a estrutura do partido do Governo apoiou a D. Margarida Moreira (conhaque é conhaque!) e, agora, a ministra arquivou o processo, depois das pressões da opinião pública largamente hostil à forma como tudo se passou. E, com o processo arquivado, fica-se à espera do puxão de orelhas à senhora que se precipitou em face de uma denúncia por SMS.

Também numa altura em que se condena de forma bem notória o trabalho infantil, se vê o Governo a utilizar um contrato com uma empresa que utiliza de forma sistemática esse tipo de exploração, para uma representação de apoio à propaganda governamental. Pode aceitar-se que o contrato das crianças foi feito por uma empresa privada, mas o Governo acabou por dar aval a essa empresa e ao seu sistema de recrutamento de menores e, o que é mais grave, é depois considerar tudo isso normal. Admira que o Governo, que tudo controla, confesse a sua ignorância desta irregularidade de uma empresa com que celebra um contrato.

Outra contradição. Já no tempo em que o actual PR era PM, o Governo começou a deixar de cumprir a compensação devida aos militares pelos sacrifícios e restrições aos sus direitos, liberdades e garantias, inseridos na denominada «condição militar». No entanto, a machadada crítica foi dada pelo actual Governo, ao comparar os militares a qualquer funcionário público (com excepção para Juizes e outros) no tocante a prestações de assistência na doença e a outros aspectos, e continuando a exigir deles a sua parte do contrato da «condição militar», com a impossibilidade de terem sindicato e impedimento de manifestarem publicamente o seu mal-estar. Como será resolvida esta contradição? São funcionários normais, semelhantes aos outros quanto aos direitos, liberdades e garantias constitucionais ou serão escravizados com condições de trabalho e de cidadania especialmente gravosas, singularmente restritivas?
Se são funcionários normais porque não lhes são aplicadas condições semelhantes? Se, como é lógico, é preciso manter essas restrições, então porque lhes foram retiradas as compensações adequadas? Porque é que o Estado deixou de cumprir a sua parte no «contrato» a que é dado o nome de «condição militar»? Neste âmbito, merece ser lido e devidamente meditado o artigo do general Loureiro dos Santo publicado no Público de 23 do corrente.

Há também os casos contraditórios do apoio total (quase incentivo ou convite) ao aborto voluntário, totalmente pago pelo Estado e sem fila de espera, passando as mulheres que não têm capacidade para ser mães e mostram ignorância e desleixo na prevenção da gravidez que não desejavam, à frente das pessoas normais que têm de esperar meses para intervenções cirúrgicas graves e urgentes, e isto em contradição com as medidas agora tomadas para aumentar a natalidade com subsídios substanciais às grávidas e às jovens mães. Afinal, o que pretendem os governantes: abortos ou nascimentos?

Também publicado no Do Miradouro

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Táctica de Trapaceiro

Cada vez que ouvimos Sócrates falar, ele desmente aquilo a que chama boatos, assim como tudo o que sobre ele e as suas acções se conhece e se comenta pelo país fora, incluindo as demonstrações contra ele. Será que todos se enganam menos ele, que só ele detém a verdade? Se assim for interessa saber o porquê. De três causas possíveis só uma pode ser válida: ou são todos parvos menos ele, ou é ele o parvo, ou o que diz é no intuito de fazer de nós parvos.

Como costumamos ter conhecimento das ideias luminosas do déspota iluminado? É ele que as apresenta como de sua obrigação, ou obtemos conhecimento dos seus intentos por portas e travessas? Uma vez que ele não fornece uma informação directa ao povo seu soberano, de que reclama? Ao que parece estamos em face dum monstro pedante a rebentar de arrogância. Pena é que não rebente mesmo. Um impostor por não prestar as contas que deve à nação, tudo encobrindo com a sua arrogância podre. Não se conhece o que psicologicamente significa a arrogância e as características comportamentais daqueles que dela se servem em tudo e para tudo?

Como se isto não bastasse, ainda se atreve a mentir descaradamente, afirmando que Portugal tem “um dos melhores sistemas de saúde”. A sua confiança na ignorância dos portugueses sobre este assunto parece absoluta em virtude da canalha jornaleira nunca ter informado como se passa realmente nos outros países europeus. Como se classifica quem minta e declare tais embustes socretinos?

Os cancerosos esperam seis meses por intervenções extremamente urgentes. Os com problemas do cólon esperam mais de um ano por uma colonscopia. Basta indagar nos hospitais para se ficar a conhecer como é. Os cretinos que entrevistaram o Sócrates não sabiam ou encobriram-no? Que pandilha!

Caso os jornaleiros nos tivessem informado do assunto da saúde saberíamos que não há nenhum país na Europa em que a população não possa escolher o seu médico assistente ou outro que por necessidade especial queira consultar. Todos os médicos trabalham para o serviço nacional de saúde dos seus países, donde cada habitante é livre de escolher aquele que quiser. O mesmo para serviços de diagnóstico, de laboratório ou qualquer matéria relacionada com a saúde. A população dirige-se onde deseja. Caso se pretenda uma clínica de luxo, o estado paga a tarifa hospitalar normal e o utilizador põe o restante. O serviço médico é garantido igual, sendo a diferença unicamente nos serviços ditos hoteleiros. A igualdade dos serviços clínicos, independentemente do estabelecimento, é uma garantia democrática. Em Portugal, não, prova de que não é uma democracia, pelos padrões europeus é um país do terceiro mundo.

Fazendo uma comparação de custos realista e não de vendedor de banha da cobra – em que a base só pode ser em percentagem do ordenado médio – os custos em Portugal, para o cidadão comum, são os mais elevados da Europa. Se na nossa consideração incluirmos ainda o número de pessoas assassinadas por outros motivos e fazendo um transposição temporal, estamos a ser tratados pior que num campo de concentração de prisioneiros da guerra de 1939 a 1945. Nesta comparação realista não se incluem os campos japoneses nem os hitlerianos de exterminação de judeus. Os prisioneiros de Colditz, por exemplo, tiveram um tratamento com que em Portugal os pobres nem podem sonhar.

Nas pessoas assassinadas contam-se todos aqueles que morrem por falta de assistência devido à espera pelo socorro ou nas ambulâncias que percorrem grandes distâncias para chegarem a um hospital. Segundo o comandante dos bombeiros de Évora, trata-se dum mero acontecimento semanal. No Alentejo os serviços médicos da «região desértica» são os mais escassos do país. Para quem quiser verificá-lo basta dar uma volta pelos serviços de urgências e de consultas externas dos hospitais de Setúbal e de Lisboa e contar o número de ambulâncias que encontra provenientes do Alentejo.

Verdadeiramente, só visto. E há quem nos minta bestialmente, afirmando que temos um dos melhores sistemas de saúde. Mente porque sabe que os portugueses estão num estado de completa desinformação, donde a sua chance de ser acreditado é evidente e tanto maior quanto maior a gravidade desse estado.

O estado de ignorância dos portugueses é tão profundo e a triste realidade em que vivem a anos-luz de atraso, que muitos nem acreditam nestes factos concretos e comuns.

O serviço de saúde foi a maior patranha apresentada por todos os governos desde o início e nunca foi modernizado, continuando tal como na sua criação pelo Estado Novo, então uma obra meritória. Mas isso foi há cerca de sessenta anos; os tempos mudaram em todo o mundo; em Portugal não continuamos na mesma, nisto piorou. Mário Soares é um dos maiores responsáveis por este estado, visto ter sido no seu tempo que se fingiu uma reorganização. Este facto não iliba, todavia, os governos que se sucederam que nada fizeram, a não ser o do Cavaco que diminuiu drasticamente o número de vagas para medicina, gerando a situação actual, sem novos médicos para substituírem aqueles que se foram ou vão reformando.

O serviço de saúde é uma autêntica barafunda. Presta-se assim especialmente às negociatas e à incompetência e prepotência de muitos médicos, de hospitais comerciais, um rol sem fim. Estamos numa situação muito semelhante com a nação que tem o pior serviço de saúde mundial: os EUA. Só que em Portugal ainda é pior. Como em tudo, aliás, mas bem encoberto, a ponto de qualquer político poder inventar praticamente o que quiser sem receio que lhe chamem impostor. Podem gozar o Zé Povinho à vontade, porque se ele já tudo permite, muito mais permitirá quando mergulhado na ignorância.

Mas há mais, muito mais, só que os jornaleiros desonestos o escondem propositadamente. Alguém terá reparado nas expressões vazias dos entrevistadores desmiolados de 25-7-07? A entrevista pouco interesse despertou; segundo o Diário Económico foi vista por pouco mais de 840.000 pessoas. Os ineptos nem contestaram a afirmação embusteira sobre a qualidade dos serviços de saúde. São Por ignorância, por estupidez, por incompetência ou por conluio?

Que admiração, num país onde tantos noticiários são iniciados com longas reportagens sobre a corrupção mafiosa do futebol, outra chaga da sociedade a que alguns atrasados ainda chamam desporto. {Aditamento pós publicação: [Que admiração, num país onde nos dias que se seguiram ao da entrevista mencionada neste artigo, todos os noticiários abriram com uma história sobre um qualquer escoiceador de bolas.]} Que admiração, num país onde é permitido anunciar um produto de alimentação normal – como o Danacol – como medicamento contra o colesterol! Com uma legislação e regulamentação defeituosas, concebidas por incapazes de trabalhar, mas altamente especializados na vigarice e no logro para se servirem do estado para os seus interesses pessoais tudo é de esperar. Sobretudo com um povo manso, domesticado e que tudo acata sem estrebuchar. As leis mais inteligentes são as que desresponsabilizam a corrupção política e que até a fomentam (caos das nomeações que causam o desemprego entre os competentes). Prova da estupidez crassa é a lei que obriga a matar os cães que mordam pessoas, em vez do dono. Os parideiros de leis estúpidas ainda não conhecem o velho ditado de que pelo comportamento dos cães e das crianças se reconhecem, os valores, os princípios e a mentalidade dos adultos. Tal é o atraso em que se encontram.

A coerência dos governos só está patente na defesa dos interesses dos parasitas corruptos. A incoerência impera no restante. Os últimos casos foram expostos no blog Do Mirante.

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25 de julho de 2007

Regime totalitário anti-sindical

Como anarquista, a minha missão neste blog é denunciar os erros e as trapaças do poder e do Estado, como os meus amigos e visitantes bem sabem. Por vezes, esta actividade perversa do governo é feita pela calada, com total desconhecimento da opinião pública. Noutras ocasiões, agora cada vez mais frequentes, ela é feita abertamente, com total desprezo pelos valores democráticos que orientam o regime político português.

Inscreve-se nesta última atitude - o total descaramento - a proposta que o governo apresentou na Assembleia da República sobre o exercício da actividade sindical por parte dos trabalhadores da Função Pública. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta indescritível manobra. Desta forma, o governo apresentou uma proposta de lei, segundo a qual apenas um em cada 200 trabalhadores – num máximo de 50 – sindicalizados do Estado poderá aceder ao crédito de quatro dias mensais remunerados para o exercício da actividade sindical. Segundo o Augusto Santos Silva, o ministro dos Assuntos Parlamentares, trata-se apenas – imagine-se! - de adaptar à Função Pública aquilo que já é praticado no sector privado.

Como é evidente, esta proposta de lei, apresentada à margem de quaisquer negociações com os sindicatos, mereceu as mais fortes críticas de toda a oposição, que falou em tentativa de limitar a liberdade sindical e de “impor as suas vontades como num regime totalitário”. Também a Frente Comum organizou uma vigília de protesto contra esta legislação em frente ao Parlamento. Pelo meu lado, também estaria presente nesta vigília, não fosse o caso de não ser trabalhador do Estado. Mais uma vez, este governo não-socialista cerceia liberdades garantidas na Constituição da República Portuguesa, baseando-se no poder absoluto de uma maioria absoluta. Por tudo isto digo:

CIDADÃOS FAÇAM A REVOLUÇÃO, JÁ!

(Publicado originalmente n' O Anarquista a 20 de Julho de 2007)

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19 de julho de 2007

A Máfia Política Prepara o Fim de Portugal

Um artigo da autoria de D. António Marcelino, Bispo de Aveiro, foi ontem publicado no blog Do Mirante. O conteúdo to texto é dos mais significativos e realistas que se têm lido ultimamente. Só por si é motivo para despertar as consciências e acabar com a cobardia popular, causa principal da situação vergonhosa vivida em Portugal, provocada pela incapacidade dos governantes que se defendem com a mais ultrajante, estúpida e nojenta arrogância.

Reles que fabricam leis para lhes permitir a impunidade na corrupção, como a das nomeações entre tantas outras; o controlo da crítica, como na projectada lei da imprensa; a mordaça dos blogs, segundo o que descobre a Human Rights Watch, que os incentiva a revelar todos os ataques contra a liberdade de expressão.

A matança dos doentes e dos velhos, à fome e sem medicamentos; as mulheres, a parirem todos os meses nas ambulâncias; a corrupção geral e em especial nas grandes negociatas da construção civil; o desemprego dos mais classificados, cujos empregos são roubados pelos nomeados; a destruição dos sistemas sociais; os ordenados absurdos maiores que os dos países mais ricos para dirigentes ineptos; as reformas milionárias para quem trabalhou meis dúzia de anos, enquanto todos os outros ficam à míngua; o domínio da justiça, de acordo com o que contam juízes e magistrados. É um rol sem fim e pretende esta reles escumalha impingir a ideia de que isto é democracia.

Destroem a população e o país, tal como descrito por D. António Marcelino. Domestiquem-se as bestas políticas! Como se tem feito noutros países onde, no mínimo, se expurgou a corrupção, o compadrio, as nomeações.


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Teremos ainda Portugal?
Por D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro


O título tem um tom provocatório, mas eu vou justificar. Não digo que esteja para breve o nosso fim de país independente e livre. Mas, pelo andar da carruagem, traduzido em factos e sintomas, a doença é grave e pode levar a uma morte evitável. Aliás, já por aí não falta gente a lamentar a restauração de 1640 e a dizer que é um erro teimarmos numa península ibérica dividida. De igual modo, falar-se de identidade nacional e de valores tradicionais faz rir intelectuais da última hora e políticos de ocasião. O espaço nacional parece tornar-se mais lugar de interesses, que de ideais e compromissos.

Há notícias publicadas a que devemos prestar atenção. Por exemplo: um terço das empresas portuguesas já é pertença de estrangeiros; 60% dos casais do país têm apenas um filho; vão fechar mais cerca de mil escolas ou de mil e trezentas, como dizem outras fontes; nas provas de língua portuguesa dos alunos do básico, os erros de ortografia não contam; o ensino da história pouco interessa, porque o importante é olhar para a frente e não perder tempo com o passado; a natalidade continua a descer e, por este andar, depressa baterá no fundo; não há nem apoios nem estímulos do Estado para quem quer gerar novas vidas, mas não faltam para quem quiser matar vidas já geradas; a família consistente está de passagem e filhos e pais idosos já não são preocupação a ter em conta, porque mais interessa o sucesso profissional; normas e critérios para fazer novas leis têm de vir da Europa caduca, porque dela vem a luz; a emigração continua, porque a vida cá dentro para quem trabalha é cada vez mais difícil; os que estão fora negam-se a mandar divisas, por não acreditarem na segurança das mesmas; os investigadores mais jovens e de mérito reconhecido saem do país e não reentram, porque não vêem futuro aqui; a classe média vai desaparecer, dizem os técnicos da economia e da sociologia, uma vez que o inevitável é haver só ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres; os políticos ocupam-se e divertem-se com coisas de somenos; e já se diz, à boca cheia, que o tempo dos partidos passou, porque, devido às suas contradições, ninguém os toma a sério; a participação cívica do povo é cada vez mais reduzida e mais se manifesta em formas de protesto, porque os seus procuradores oficiais se arvoram, com frequência, em seus donos e donos do país e fazedores de verdades dúbias; programa-se um açaime dourado para os meios de comunicação social; isolam-se as pessoas corajosas e livres, entra-se numa linguagem duvidosa, surgem mais clubes de influência, antecipam-se medidas de satisfação e de benefício pessoal…

Não é assim, porventura, que se acelera a morte do país, quer por asfixia consciente, quer por limitação de horizontes de vida? É verdade que muitos destes problemas e de outros existentes podem dispor de várias leituras a cruzar-se na sua apreciação e solução. Mais uma razão para não serem lidos e equacionados apenas por alguns iluminados, mas que se sujeitem ao diálogo das razões e dos sentimentos, porque tudo isto conta na sua apreciação e procura de resposta.

Há muitos cidadãos normais, famílias normais, jovens normais. Muita gente viva e não contaminada por este ambiente pouco favorável à esperança. Mas terão todos ainda força para resistir e contrariar um processo doentio, de que não se vê remédio nem controle? Preocupa-me ver gente válida, mas desiludida, a cruzar os braços; povo simples a fechar a boca, quando se lhe dá por favor o que lhe pertence por justiça; jovens à deriva e alienados por interesses e emoções de momento, que lhes cortam as asas de um futuro desejável; o anedótico dos cafés e das tertúlias vazias, a sobrepor-se ao tempo da reflexão e da partilha, necessário e urgente, para salvar o essencial e romper caminhos novos indispensáveis. Se o difícil cede o lugar ao impossível e os braços caem, só ficam favorecidos aqueles a quem interessa um povo alienado ao qual basta pão e futebol…

Mas não é o compromisso de todos e a esperança activa que dão alma a um povo?

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17 de julho de 2007

Finalmente, o Programa Allgarve!

O Manuel Pinho, nosso anedotíssimo ministro da Economia Feita Pelos Outros, lançou finalmente em Faro o seu célebre Programa Allgarve, alvo de tanta expectativa de há meses a esta parte. Como se pode ver pela foto ao lado, afiambrou-se especialmente para a ocasião, livrando-se da incómoda gravata que lhe travava os soluços da falta de habituação aos cocktail-parties que raríssimamente frequenta, por expressa indicação do Sócrates, desde o disparate da mão-de-obra barata lá na China.

Pois o Pinho, falando para uma esmerada plateia de empresários e dealers de turismo lícito e ilícito - que se fartaram de bocejar para dentro e para fora quando o ouviram falar em very, very exotic Portuguese – anunciou os seus objectivos programáticos, que incluem, como podem ler nesta notícia que publiquei no meu site Contracorrente, precisamente dedicado a estas pérolas do nosso vigoroso capitalismo contemporâneo português, passe a publicidade, sempre importante nestas ocasiões festivas, hamm... Bem, retomando o fio à mealhada, que acabo de chegar de lá, dizia eu que os objectivos programáticos do Pinho podem ser lidos lá naquele meu site de turismo de que acabei de vos falar.

Pois bem, de acordo com os números que o Pinho apresentou, o Allgarve tem actualmente a funcionar 34 campos de golfe, mas o objectivo estratégico dele, que é o de transformar a região compreendida dentro dos limites dos ditos campos num destino turístico de qualidade, se bem compreendi, é o de criar um total de 78 campos de golfe no futuro. Ora, numa média de 25 hectares de implantação por campo, o Allgarve terá 1950 hectares de campos de golfe, o equivalente a quase dois mil campos de futebol. Tudo isto feito pelos outros, claro. Ucranianos, esse tipo de gente, percebem? Ah, e pelos empresários, claro! Que nestas coisas o Estado tem de poupar.

(Publicado hoje n' O Anarquista)

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12 de julho de 2007

Pequena Reflexão Sobre as Municipais de Lisboa

Agora que se aproximam as eleições municipais em Lisboa, é uma boa altura (talvez como qualquer outra) para analisarmos sucintamente alguns dos principais candidatos.

Limitamo-nos a ventilar alguns casos escondidos pela desinformação sistemática da jornaleirada infame que encobre a corrupção, indubitável lucro para os próprios ou para os aglomerados que dominam a desinformação nacional.

Preliminar
Há um quarto de século que a Suíça lançou uma experiência destinada simultaneamente a proteger a saúde pública do contágio do VIH e a aliviar o sofrimento dos drogados, na sua maioria irrecuperáveis e equiparáveis a doentes crónicos. À vista dos resultados desta experiência, que atingiram o sua finalidade em cheio, a pouco e pouco todos os países da Europa adoptaram aquele sistema que provou evitar a expansão do vírus da SIDA entre a população a todos os níveis. Devido principalmente a estas medidas juntas a outras no memo sentido, todos estes países figuram actualmente entre os que têm menos contagiados com esse mal mundialmente e onde os drogados são tratados com um mínimo de humanidade.

Portugal só copiou o sistema muito tarde e mal. O desleixe e a incompetência impediram que se atingissem resultados idênticos aos dos outros países e Portugal encabeça a lista dos países ocidentais mais contaminados pelo vírus. Que glória, senhores políticos. Enfim, o costume. Como de costume também, o que é bom para o país raramente se copia ou só é feito demasiado tarde e por vezes mal, enquanto que o que está mal é geralmente rapidamente adoptado , trazendo para cá o lixo, transformando o país na lixeira da Europa.


Fernando Negrão que fazer Lisboa voltar a meados do século passado
Vem agora o Fernando Negrão declarar que se for eleito para presidir a Câmara da Capital promete arrasar toda esta organização que protege a saúde dos seus habitantes e daqueles dos municípios limítrofes, todos já tão afectados pela política de saúde governamental. Tais declarações, por muitas voltas que se lhes dê só podem ter duas origens. Ou se quer atacar a saúde dos cidadãos em geral e degradar ainda mais malevolamente a já miserável vida dos drogados, ou se trata de opiniões de atrasado mental e completamente idiota. Difícil de reconhecer qual delas, provavelmente ambas.

Donde, vote-se nele caso se deseje alastrar a doença e a miséria. O pretendente à Câmara diz outras fortes imbecilidades, mas que frente a esta se revelam inócuas e irrelevantes.


Telmo Correia afirma querer fazer Lisboa voltar ao início do século passado
Pior que o precedente, não só adopta os mesmos princípios arcaicos como pretende querer pôr mais polícias na rua para diminuir a pequena criminalidade de rua, sequência lógica da miséria – mundialmente certificado, até pela Amnistia Internacional – e não se liga à grande criminalidade e corrupção, como a da Câmara, ambas escondidas e de óptima saúde. Segundo ele, o melhor método de acabar com a pobreza que gera essa pequena criminalidade é meter os pobres na prisão: lá, terão comida e agasalho.

Não é este, aliás um procedimento novo dos políticos deste partido. Quando a Mari Jô esteve na Santa Casa da Misericórdia da Lisboa não tentou ela diminuir o número de pobres? Adoptou medidas inteligentes por deveras eficientes: reduziu-lhes de metade as prestações especiais em casos extremos, enquanto que reduziu todas as restantes ajudas pela metade ou as suspendeu completamente e deixou ainda de lhes dar medicamentos. Não há memória de tal acto criminoso na história da nação, muito menos na da Stª Casa.

Estes factos são escondidos, camuflados e pasteurizados pela joranaleirada indigna e conivente e acabam por ser motivo de louros para os criminosos. Afinal, ela sempre teve algum êxito na redução do número de pobres: as suas medidas sempre mataram muitos deles. Por outro lado, os outros criminosos do seu partido não só toleraram as suas acções, mas elegeram-lhe um pedestal pela autenticidade e inteligência da sua malvadez e fizeram da depravada uma herói do partido. Tem-se sempre escrito que a culpa do que está errado em Portugal não é dos partidos, mas da podridão da máfia que os forma. Não será este uma excelente exemplificação?

Num país em que semelhantes acções são escondidas e onde dá votos dizer que se deve pôr mais polícia na rua para reduzir o pequeno crime e em que os pobres desinformados acreditam pia e parvamente, porque desperdiçar tal ocasião. Não têm os impostores, sendo da direita, convencido tantos pobres tolos e ignorantes a votarem neles?

Portanto, vote-se nele caso se deseje alastrar a doença e a miséria. Caso se queira aumentar desmesuradamente os contagiados pela SIDA. Caso se queira acabar com a miséria pela mão da polícia e às prisões já a abarrotar de indivíduos indevidamente presos por prevenção abusiva, deixem que eles as transformem agora em asilos para pobres.


António Costa é o garante da execução das calamidades governamentais no município
Com ele pode-se estar certo de que o governo terá a sua mão pesada sobre a capital. A garantia de que Lisboa perderá o aeroporto da Portela e de que o terreno não será destinado a um parque, mesmo que seja a capital europeia com menos espaços verdes. Os bens públicos serão desbaratados e entregues às aves de rapina que são as grandes empresas construtoras, por um preço irrisório, para poderem perpetrar a sua costumeira extorsão mobiliária e repartir os lucros com a corja política corrupta.

Declara ainda que quer uma maioria sua na Câmara. Após as más experiências com maiorias, quem ainda quererá mais uma. Governar é e deve ser um compromisso e jamais uma imposição. Com a máfia política actual, uma maioria é a certeza duma ditadura. É inconcebível que os políticos portugueses sejam incapazes de se entender para governar como nos países civilizados do norte da Europa. A meio da década de 1990 a Finlândia chegou a ter um governo formado por 14 partidos e independentes, sem problemas. Se não se entendem é porque não são civilizados e o que lhes interessa não é aquilo para que foram eleitos, o país, mas os seus interesses privados e partidários e sacarem o país de assalto. A máfia ao diabo.

Vote-se nele para obter tudo o que sob o seu nome está indicado e mais algumas outras benesses do género.

Conclusão
Assim sendo, não tenhamos dúvidas, qualquer que seja o mafioso a presidir a Câmara, os alfacinhas estão entregues à bicharada. Como de costume.

Raros são os que têm demonstrado algum interesse em pelo menos melhorar o caos dos transportes públicos. Vêm os vendedores da banha da cobra impor medidas restritivas de inteligência obtusa para resolver um problema de organização e de estrutura. Até hoje nunca houve transportes decentes nas grandes cidades portuguesas, logicamente organizados e com um máximo de espera de 4 minutos, como noutras cidades europeias. Porquê? Até hoje nenhum governo, nacional ou camarário se preocupou verdadeiramente em resolver o caos dos transportes públicos. Há tanto resolvido noutras capitais ou que nunca chegou a existir devido a medidas apropriadas e atempadas. Nem mezinhas, só pretendem atirar-nos areia nos olhos. Dizem que querem resolver os problemas de estacionamento e a quantidade dos veículos que entram em Lisboa. Mentira! Se assim fosse já teriam tomado medidas similares às que outros países adoptaram há décadas. Que seria se em Portugal houvesse um número idêntico de automóveis por habitante como nos países avançados?

Giro, giro, agora vão fazer controlo por radar – que na realidade chega com várias décadas de atraso – sem primeiro existir uma sinalização correcta, apropriada e justa. Os atrasados mentais mafiosos. Os transportes e a sinalização parecem ter sido concebidos pelos doentes do Júlio de Matos.

Que esperar do número de abortos que querem presidir à Câmara apenas com a óbvia intenção de a parasitarem e roubarem os habitantes? Como de costume e de acordo com os resultados anteriormente verificados, os lisboetas vão todos votar e votar bem tal como a restante população vota. Vote-se em branco. Há ainda quem opine que para votar em branco é preferível ficar em casa e não ir votar. Tal é a ignorância e imaturidade política da população, proveniente do estado de desinformação e do esforço em lhe vedar conhecimento e informações.

De recordar que o que forma estas hordas de desinformados embrutecidos é o conluio dos jornaleiros no encobrimento das acções dos corruptos contra os interesses da população e mantê-la completamente no escuro quanto ao que se tem passado nos outros países europeus, nas democracias. Como no primeiro parágrafo.

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9 de julho de 2007

O Estado ganacioso

Há situações com as quais, como anarquista, me regozijo alarvemente. Neste caso, trata-se de uma verdadeira rabecada que o Estado português apanhou da Comissão Europeia, precisamente daqueles que o nosso governo respeita como deuses, acima de todas as coisas. Mais a mais, estando Portugal agora na presidência da União, devíamos estar acima de toda a suspeita, não é?

Mas não é este o caso. A Comissão Europeia acaba de fazer uma recomendação a Portugal, segundo a qual o Estado devia interromper de imediato a dupla tributação sobre os automóveis e reembolsar os contribuintes nos valores já cobrados e com os respectivos juros! Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente sobre esta questão. Segundo o secretário-geral da Deco, Jorge Morgado, “o mínimo que é exigido ao Estado é que cesse já com esta ilegalidade da dupla tributação”.

No entanto, o ministro das Finanças atreveu-se a afirmar que é apenas uma recomendação e não uma decisão final e que o processo ainda decorre. Ó ímpio! Ó herético! Desfazer assim nos deuses da sagrada União! Como anarquista, fico contentíssimo que alguém, alguma instituição, se digne pôr ordem nesta des-governação portuguesa. Toda ela feita de ganância, de arrecadar dinheiros que deviam mas era servir os contribuintes, os pobres cidadãos, já tão esmifrados por este Estado insocial não-socialista.

(Publicado originalmente n' O Anarquista a 5 de Julho de 2007)

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7 de julho de 2007

Crime e Bandalheira na Polícia

Agentes da Polícia foram apanhados com a boca na botija, acusados e presos por prevenção. Casos de crimes praticados por agentes das polícias não são novidade. Todavia, a situação em Portugal – em lugar de melhorar – tem-se agravado enormemente na última década. O ministro da Administração Interna diz que nenhuma instituição está livre da prática de crimes. Será esta a realidade ou mais uma realidade fabricada por políticos para se desresponsabilizarem, como se costume?

Agentes foram apanhados em actos criminosos. “Extorsão, furtos, roubos e favorecimento pessoal” e “sequestro” com refém e extorsão, mortes e outros crimes, segundo a notícia do Correio da Manhã. Notícias idênticas foram publicadas por outros jornais, como pelo Diário de Notícias e pelo Jornal de Notícias. Que se passará com as polícias portuguesas que provoque uma constante escalada nos seus comportamentos criminosos?

Fazendo uma única e pequena busca, só no Diário de notícias encontram-se vários casos de menor ou maior criminalidade policial bastante recentes, como por exemplo os três seguintes, dois em Junho de 2007 e outro de Abril:

A cada mês que decorre ouvimos mais desgraças sobre o que se passa com as forces policiais nacionais. Espancam as pessoas nas ruas e nas suas instalações, andam aos tiros à toa e «por dá cá aquela palha», espancam e matam aqueles que perseguem. Durante interrogatórios espancam frequentemente os interrogados, chegam a matá-los e há alguns anos atá arrancaram a cabaça a um. Que selvajaria é esta? Todos factos que no Far West do século XIX se podiam ter feito mais frequentemente, mas não pior. Todos estes acontecimentos se têm vindo a agravar de forma progressiva e contínua, contrariamente aos anúncios dos governos sobre medidas tomadas no sentido de corrigir a situação. É assim, o progresso em Portugal: retrógrado. Enquanto os outros países se têm civilizado, temos aqui uma prova entre tantas das obras dos honestos governantes portugueses.

À semelhança dos políticos que assim os amoldaram e seguindo os seus exemplos, as forcas policiais portuguesas foram-se transformando em bandos de selvagens incompetentes que operam sob os mesmos princípios que os bandos de salteadores. Todos estes acontecimentos cimentaram Portugal nas listas negras de todas as organizações mundiais de defesa dos Direitos Humanos mundiais. Os links para estes casos, que além dos factos acima mencionados incluem tortura, foram já apresentados noutro poste, embora num contexto diferente. Efectivamente, existem mais, como no site do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, mas estes são suficientemente elucidativos e um só que fosse bastava para ser uma vergonha.

Que se passou com estas antigas instituições para terem progressivamente perdido as estribeiras a este ponto? Segundo reportagens e entrevistas aos seus membros apresentadas recentemente, explica-se o mal-estar que se tem instalado nelas. Os agentes não têm qualquer formação, porque aquilo que lhes é administrado como se o fosse, não o é: os resultados estão patentes. Aos agentes não é administrado o ensino necessário nem adequado ao comportamento e procedimento devidos no cumprimento das suas funções. Alguns deles são mortos em serviço devido aos maus procedimentos.

Os agentes com menos de 30 anos de idade vivem sós, na sua maioria, e na sua solidão encontram-se por vezes desorientados ao ponto do índice de suicídios na profissão ter disparado para 5 por ano, dos 22000 que compõem os corpos. É duas vezes e meia a média nacional.

A assistência, o apoio, o aconselhamento e o rastreio são sempre ineficientes e incompetentemente efectuados, ou mesmo inexistentes nalguns casos. Estão praticamente abandonados a si mesmos. Aqueles que os prestam são pseudo profissionais em tudo comparáveis aos que, nos casos ultimamente conhecidos, consideraram professores moribundos aptos para o serviço. Este problema de incompetência entremeado de abuso, ignorância e arrogância é geral no país, a começar pelos governantes, evidentemente. Ao que se conhece, aqueles que sofrem de depressões andam por aí à solta, em serviço e com armas. Eles próprios se consideram perigosos devido à falta de ajuda médico-psicológica e aconselhamento profissional adequado. Situação inconcebível, por comparação às de países que têm um “exército” de pessoal competente adstrito a esse fim. Se matam alguém ou se suicidam, de quem será a responsabilidade por essas mortes e pelo crime? Quem são os verdadeiros criminosos?

Para reflectir e não esquecer. Que significará a coincidência e a relação entre o aumento de crimes praticados pelos agentes da polícia e o aumento dos seus suicídios? Estarão os governantes cegos que pretenderão que nós somos cegos? E porquê?

Paralelamente a estes acontecimentos e coincidências, ainda há mais um. Os meios de combate ao crime têm sido drasticamente reduzidos. Alguns destes factos são simultaneamente explicativos do modo como os governos se têm ocupado das forças de segurança e da incapacidade dos chefes. Uns preferem combater o crime pondo “mais polícias na rua” em lugar de acabarem com a miséria que gera o pequeno crime (que eles invocam como razão para pôr mais polícias na rua) e com a ineficiência da polícia – seriam os procedimentos adequados, mas que não dão votos para lhes permitir continuar com a sua corrupção. Os outros (os chefes) provam a sua incapacidade de controlo, de chefia, de comando e de se fazerem cumprir, por exemplo, reduzindo até o carburante para os veículos. É mais fácil para incapazes.

De quem será, pois a culpa da bandalheira que abrangeu as polícias tão profundamente? Ainda não se ouviu muito sobre a Judiciária, mas dado serem humanos como os outros e estarem sujeitos a condições semelhantes, tudo está encoberto, escondido. Esse pessoal devia também falar.

Entretanto, ouvem-se os dirigentes – parasitas incompetentes como todos os outros dirigentes nomeados pela corrupta corja oligárquica – dizerem frases do género na corporação têm ocorrido "alguns casos de suicídio, poucos”. O bandido acha poucos, talvez quisesse que se suicidassem metade dos agentes por ano! O canalha encobre os culpados; para defender o seu tacho prefere o sofrimento da população pelo comportamento dos agentes e que estes também sofram e continuem a suicidar-se. Que outra razão poderá justificar o seu comportamento, se ele próprio o confessa?

Para se constatarem outros factos altamente significativos e descritivos desta situação originada na corrupção, veja-se um artigo publicado sobre o assunto no site da Mentira!Ou ainda uma descrição de porque vivemos numa lixeira.

A única solução para este problema, assim como para praticamente todos os outros indesejáveis e perniciosos que afectam a desgovernação do estado português de modo idêntico, só pode ser a mesma já mencionada: seguir o exemplo do que os outros povos fizeram com os seus políticos para terminar com a corrupção que originou esta situação.

A corrupção não pode ter fim com mezinhas que mais não servem que para atirar areia aos olhos dos eleitores. Nem enquanto for admitida a um só dirigente sequer. A corrupção só poderá começar a ter fim com o fim dos privilégios e da imunidade à responsabilidade dos governantes e outros que tais. Só poderá começar a ter fim quando mais nenhum cargo neste país possa ser atribuído por nomeação em lugar de por concurso público. Só poderá começar a ter fim quando estas medidas forem implantadas e seguidas obrigatoriamente.

Não se pode permitir a formação duma Nova Classe acima da Constituição, da Justiça e da Cidadania nacional e contra o seu artigo 3º, que tudo e todos controle impunemente, aliada aos magnatas da exploração humana.

Enquanto estas medidas não forem adoptadas como norma intransponível e sem excepções, como nas verdadeiras democracias, o descalabro tem que continuar e é tudo mentira!

Para cúmulo. Tem-se assistido ultimamente à ressuscitação do sistema Nazi ditatorial pelo caminho tomado pele governo pseudo-socialista e pseudo-democrata do Zé Sousa.

Se concordam, façam um esforço para o bem comum e passem a palavra em lugar de procederem como carneiros passivos e inactivos. Há quem esteja enganado, pensando que Deus enviará um arcanjo para salvar atrasados mandriões.

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1 de julho de 2007

DFEITOS DE FABRICO NUMA IMAGEM ARTIFICIAL


"Depois de andar durante pouco mais de um ano em busca de asilo político estável, sucessivamente expulso daqui e dali (por imprudência, quando não por falta de senso), pode dizer-se pois, curiosamente, que na realidade o «exílio» de Spínola começa com o seu regresso a Portugal: agora, sim, estava verdadeiramente «exilado» da vida política do País e da sua própria vida profissional, posto à margem das suas ambições e da sua carreira. E, como o País, também o exílio do marechal acabou por se encontrar sem rumo e sem objecto.

Não é difil detectar (completando com as suas manifestações e acontecimentos de exilado o que Spínola foi revelando da própria personalidade ao longo dos seus cinco meses de governação) os príncipais defeitos de fabrico de que enfermou a laboriosa construção; as coisas ficarão com efeito perfeitamente claras se pensarmos um pouco nos traços característicos da imagem que se pretendeu fabricar.

Desde, pelo menos, aquela carta dirigida pelo então tenente-coronel Spínola, em 1961, ao presidente Salazar, sendo afinados e articulados, até darem o produto que Marcelo Caetano «vendeu» ao Movimento das Forças Armadas (MFA) e ao País de Abril de 1974: um grande soldado, valente, desembaraçado, enérgico, firme, determinado, persistente, hábil, bem preparado, pragmático, com alta capacidade intelectual, visão política, serenidade. As atitudes públicas um pouco rígidas, um tudo-nada desdenhosa; o uniforme impecável, mesmo debaixo de fogo (com os complementos ligeiramente teatrais do monóculo, do pingalim, das luvas sempre calçadas); as frequentes deslocações às frentes de combate, quase de improviso, combinando sugestões de bravura pessoal e de fria impassibilidade; todas essas manifestações, todos esses aspectos digamos que físicos e materiais, tinham contribuído ( teimosa e amplamente divulgados pelos jornais e televisão «marcelistas») para sublinhar a imagem psicológica de um autêntico chefe, completo e quase providencial.

Só que...Só que, essa imagem cuidadosamente elaborada, muito poucos elementos eram reais e o seu artificialismo não tardou em evidenciar-se, tão depressa o chefe se viu colocado - pela força das circunstâncias - em posição de ter efectivamente de chefiar. Então começaram a saltar à vista de todos os tais defeitos introduzidos dolosamente na fabricação: a imagem da valentia estava construída sobre o frágil alicerce de uma falta de coragem moral que levou o marechal ao temor quase doentio de assumir no momento próprio a responsabilidade das grandes decisões; ao apregoado desembaraço correspondeu a pusilanimidade das constantes vacilações na acção; as sucessivas claudicações não autorizavam já a confiança na esperada energia e firmeza de atitudes; nem as indecisões, as incoerências e a desorientação com que o marechal encarou os acontecimentos que teve de enfrentar podiam continuar a fundamentar a ideia da proclamada determinação e persistência; em lugar da habilidade e agudeza de vistas, foi-se revelando uma inverosímil credulidade, fruto - além do mais - de uma agora bem visível inexperiência e de uma inexplicável falta de informação, que deixaram igualmente sem conteúdo a imagem do chefe pragmático e bem preparado para a função; o primarismo das suas concepções de governo e a inconsistência das suas declarações públicas denunciaram, por outro lado, uma fragilidade intelectual e uma ignorância em matéria política muito pouco acordes com a imagem que anteriormente tinha sido «servida» ao povo português; com os impulsos, os «repentes», os ataques de cólera, desmentiram a impassibilidade, a serenidade, de que se havia pretendido dar mostras". (Spínola - o anti-general- de Eduardo Freitas da Costa).

Serão os sonhos determinantes na vida dos homens? Até que ponto pode um País ficar prisioneiro da "esquizofrenia" dos politicos com "defeitos de fabrico"?

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