Mentira!

Neste blog e noutros sites do autor poderá prever o futuro do país tal como o presente foi previsto e publicado desde fins da década de 1980. Não é adivinhação, é o que nos outros países há muito se conhece e cá se negam em aceitar. Foi a incredulidade nacional suicidária que deu aos portugueses de hoje o renome de estúpidos e atrasados mentais que defendem os seus algozes sacrificando-se-lhes com as suas famílias. Aconteceu na Grécia, acontece cá e poderá acontecer em qualquer outro país.
Freedom of expression is a fundamental human right. It is one of the most precious of all rights. We should fight to protect it.

Amnesty International


29 de agosto de 2008

Mais autoritarismo ainda

Como anarquista, luto contra o poder instituído e contra o Estado, tendo em vista construir uma sociedade mais livre e democrática. Desta forma, não tenho hesitado em denunciar todas as artimanhas usadas pelo governo e diferentes órgãos de soberania, partidos políticos incluídos, no sentido de impedir a construção dessa sociedade por que anseio. O anarquismo bombista já teve a sua época. O anarquismo moderno, tal como o entendo, utiliza as armas dos conceitos e das ideias para fazer valer os seus pontos de vista. Esta é a minha forma de luta.

Vem esta introdução a propósito do facto de o Portas ter defendido ontem o recrutamento especial de 4000 efectivos para a GNR e PSP, a instalação de videovigilância nos “bairros problemáticos” e o cumprimento integral de penas nos crimes “mais graves” como formas de combater a criminalidade violenta. Sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu Contracorrente, retirada do jornal Publico.pt, para que possam ter uma ideia mais completa do contexto em que estas afirmações foram produzidas.

Finalmente, uma direita assumida! Porque o PSD tem andado, nesta matéria da criminalidade violenta, muito brando para com este governo de bloco central que, no fundo, gostaria de ser. Ora, o governo socialista não tem andado com meias-medidas no que diz respeito à segurança interna, reforçando o papel do Executivo em matérias que deveriam pertencer ao Judicial, como é já do conhecimento geral. E então, não é que vem a direita, ainda, exigir mais autoritarismo de um Estado que já dispõe dele em abundância? Esta manobra da direita mais não fará do que permitir ao Sócrates dizer o quão democráticos os socialistas são, afinal.

5 mentiras:

A. João Soares disse...

Caro Savonarola,
Compreendo a sua crítica ao aumento da segurança, do maior controlo das pessoas que acarreta o cerceamento das liberdades da gente boa. Compreendo a reacção primária do Portas, mas não posso aprová-la. Aquilo que propõe pode parecer uma solução para curto prazo, mas torna-se altamente explosiva a médio prazo, pela escalada da violência e da repressão, coisa que era muito estudada na estratégia nuclear durante a guerra fria, cerceia a liberdade geral, mas deixa intactos os factores geradores da violência, que é a total ausência de valores cívicos e a injustiça social.
Portas reagiu como qualquer popular mais afectivo e menos esclarecido. Seria de esperar mais de um político que gosta de aparentar inteligência.
Quanto às polícias, o problema não está na quantidade, mas na qualidade e na forma como está organizada. Há muitos agentes sem a formação adequada e ocupados em funções administrativas e burocráticas, em vez de actuarem como agentes da ordem. Outro factor é a má utilização dos equipamentos, em que a informática, do choque tecnológico, nem sequer permite uma boa utilização da informação obtida por todas as polícias para multiplicar o resultado do trabalho realizado por qualquer delas. Basta ler os jornais para detectar o amadorismo da organização e do funcionamento, apesar de o MAI ter descido ao papel de chefe de esquadra a ensinar como se faz uma escala de serviço!
Mas, além do que vem ao conhecimento público, haverá muitas mais deficiências, coisa que se espera seja melhorada pelo futuro Superpolícia!
Abraço
João

Savonarola disse...

Caro Amigo,

Assino por baixo a sua análise, salientando muito em especial a parte em que refere - sintetizando a meu modo ;) - que é preferível a qualidade à quantidade no factor policiamento.
O aumento recente da criminalidade violenta prende-se com algo que será relativamente "novo" em Portugal, mas já é um factor sociológico de peso noutras sociedades mais desenvolvidas, neoliberalmente falando...
O capitalismo feroz engendra desigualdades sociais não menos ferozes e este fenómeno estende-se também a outros países, como o Brasil.
Sem uma política adequada, não há polícia que nos valha...

Um abraço

Anónimo disse...

Caros srs,se as desigualdades sociais são a mãe destas ondas de criminalidade,como explicam a proliferação do crime violento nas sociedades ditas socialistas,onde há emprego para todos e maior nivelamento social?
Porque havia muito menos criminalidade no Portugal rural e pobre de meado do século passado?
Além de acolhermos marginais e desenraízados de todas as partes do mundo incivilizado,não teremos também alguns problemazitos com os dirigentes políticos que além de não implementarem soluções eficazes para protecção dos cidadãos honestos,parecem também eles muito ocupados a enganá-los e a promover os seus negóciozitos?

A. João Soares disse...

Caro Saladino,
Os problemas sociais são demasiado complexos para poderem ser atribuídos a uma única causa. Existem sempre vários factores, uns mais determinantes do que outros e dependendo de cada circunstância. Aplica-se aqui a frase «cada caso é seu caso». Mas de todos os factores, as desigualdades sociais, são muito significativas.
Os tempos de hoje não são comparáveis aos da Idade Média em que havia os ricos e a plebe a viver quase em escravatura. Hoje os meios modernos da comunicação social levam a informação a todos os lados, deixando de haver grandes diferenças entre as áreas urbanas e as rurais. Os próprios movimentos migratórios são um facto dos tempos modernos, da era industrial. Quando bem controlado gerou Estados ricos como os Estados Unidos, o Canadá, a Austrália. Mas estes Estados estão a controlar as entradas apenas admitindo quem lhes possa ser útil para satisfação de necessidades. Deixar entrar todo e qualquer imigrante, mesmo os mendigos, os criminosos, os traficantes, não é solução de País bem governado, com métodos racionais e de dedicação aos interesses nacionais.
Cumprimentos
A. João Soares

Savonarola disse...

Caros senhores,
Respondendo à intervenção de Saladino, não creio que tenham existido sociedades verdadeiramente socialistas, nem que existam actualmente, especialmente se pensarmos que o socialismo é uma ideologia que, alguma vez, terá tido, ou poderia ter tido, aplicação histórica... Acredito, isso sim que, seguindo o raciocínio de A. João Soares, uma sociedade organizada racionalmente sem desequilíbrios sociais - como não é o caso, p.e., do Brasil e do Portugal dos nossos tempos - poderia ter um tipo de criminalidade sem armas, para dar um exemplo... Menos violenta, em suma.
Cumprimentos