A maior prova da imaturidade política e deficiência na mentalidade da população portuguesa em geral, foi talvez a patenteada nestas últimas eleições parlamentares.
A sua ignorância política é tal que cai com a maior das facilidades nas armadilhas de políticos sem escrúpulos. Conhecendo-o, estes não deixam de aproveitar as ocasiões, tirando delas o maior proveito, impossível em qualquer país de não iletrados políticos em massa.
Populações menos ignorantes noutros países sabem a diferença entre as ideologias de base dos partidos, mas em Portugal, nem isso se enxerga. Não pode, todavia, deixar de se lembrar a movimentação verificada nas linhas de orientação dos partidos ao longo das últimas décadas. No entanto, não têm sido tão grandes a ponto de mudarem de pólo. Este assunto é abordado noutro post.
Um facto é, porém, bem claro e tem ficado inalterável através dos séculos. Embora os nomes direita, centro e esquerda sejam relativamente modernos, pois que datam da Revolução Francesa, o conceito sempre existiu (veja-se aqui o que também complementa este post).
Em princípio, a direita defende os direitos feudais e a supremacia dos mis ricos (no passado, os donos das terras), enquanto a esquerda defende os direitos humanos dos mais pobres e desprotegidos (no passado, os servos dos donos da terra).
Em países onde a pobreza é menor do que a da actual população nacional, compreende-se que essas gentes não se sintam tão agredidas pela miséria que conseguiram mais ou menos extirpa das suas casas, das suas vidas e dos seus países. Também é natural que já não sintam a tão grande necessidade de outrora em se defenderem contra os que não os exploram tanto como em Portugal. Cá, por contra, onde a miséria é muito mais abrangente e profunda, abarcando uma muito mais extensa parte da população, esta necessita de muito mais e eficientes medidas contra os que a exploram do que nesses países de costumes mais humanitários já estabelecidos e enraizados.
Como compreender, pois, que o CDS – o partido da direita que mais defende os mais ricos nas suas intenções de extorquir o dinheiro dos mais pobres para com ele se engordar mediante o aumento da miséria dos últimos – consiga um aumento de votos numa altura de maior miséria? É e nem pode ser outra coisa senão um voto suicidário, resultante da sua ignorância e consequente estupidez. (Como disse e explicou Victor Hugo: A ignorância é a mãe da estupidez.)
O procedimento do Paulo Portas só pode ser comparado ao do Judas bíblico. Nem as suas investidas às feiras e mercados têm outra intenção que não seja a de literalmente enganar, vigarizar e burlar os pobres ignorantes para lhes roubar os votos e em seguida o dinheiro e as poucas ajudas sociais proporcionadas aos mais pobres. Aos que espolia dá beijos de Judas.
As suas ideias são do conservadorismo mais arreigado. As suas propostas contrariam radicalmente as normas que fizeram avançar os países europeus mais desenvolvidos financeira e socialmente. Quando neles busca exemplos, esses exemplos existem em condições opostas àquelas que Portugal vive. Delas fazem parte o combate contra a criminalidade e o Rendimento Social de Inserção. Neste último há efectivamente problemas na sua atribuição em Portugal, mas ele encobre-os para empurrar as suas ideias contra os mais pobres.
É certamente verdade que entre os que desfrutam desta pequena ajuda há uma percentagem que a ela não deviam ter direito, mas se isso acontece é por mera culpa dos assistentes sociais e outros funcionários que fizeram mal o trabalho por pertencerem ao enorme grupo de calões que vivem, eles, à conta do Estado. Não merecem metade dos ordenados que auferem e fazem greves de alarves. Neste caso, o que o Paulo deveria dizer era que expulsassem esses parasitas e os substituíssem por desempregados mais zelosos no seu trabalho.
Porém, não é esta a sua ideia para corrigir o que está mal, mas a de se aproveitar do problema – escondendo-lhe a causa – para tentar impor uma maior miséria aos que já a têm de sobejo. Pode assim pedir a diminuição dos impostos, por exemplo, o que deveria agradar aos que mais têm, pois que são eles quem mais contribui. Todos sabemos que em todo o mundo é nos países europeus nórdicos, mais democratas e solidariamente sociais, onde os impostos são de longe os mais pesados. De algum lado tem que vir o dinheiro: pagam-no os mais ricos.
O raciocínio do Paulo Portas é mais do que simples: é o duma direita não honesta mas abusadora e anti-democrática. Só que, a imaturidade política e a ignorância infligida por uma desinformação geral, impede os eleitores de o reconhecerem. Ele não deixa de se aproveitar para os poder roubar e dar aos mais ricos. Consegue assim os votos dos dois lados: os dos genuinamente interessados e os dos logrados suicidários.
Outro caso expressivo é o do Rui Rio, que com mais de 55.000 pessoas a viverem graças ao mesmo subsídio, ou seja, de longe a maior percentagem nacional (muito mais de 10% da nacional, assim como da população da cidade), consegue enganar os eleitores lorpas e ir à frente das intenções de voto. De veras expressivo.
Devido à estupidez geral dos mais pobres, por falta de instrução, de conhecimentos e à desinformação permanente de que a banda dos pulhas jornaleiros é responsável, são presa fácil e lorpas crentes, carneiros que lambem a mão do carrasco que os sangra.
Próprio de qualquer país do terceiro mundo e de falsa democracia é também o tempo consagrado pela televisão aos relatos de imposturas dos políticos. Afinal, o que se pretende para se votar em consciência, não é a guerra partidária pela conquista do tacho, coisa que só a eles interessa e que deveria ser eliminada. O que interessa é conhecer os seus planos de governação e projectos, aquilo que farão por ou contra nós. O resto é lixo mal cheiroso que não nos deviam atirar para cima.
Acabe-se com um dos maiores impulsionadores da corrida ao tacho. A corrupção autorizada e impune, começando pelo impedimento de que os partidos do governo roubem uma enorme parte dos empregos administrativos aos cidadãos competentes. Atrasam assim cada vez mais a reestruturação dos serviços do estado, mantendo uma burocracia que é uma fonte de corrupção e de estagnação.
Neste blog e noutros sites do autor poderá prever o futuro do país tal como o presente foi previsto e publicado desde fins da década de 1980. Não é adivinhação, é o que nos outros países há muito se conhece e cá se negam em aceitar. Foi a incredulidade nacional suicidária que deu aos portugueses de hoje o renome de estúpidos e atrasados mentais que defendem os seus algozes sacrificando-se-lhes com as suas famílias. Aconteceu na Grécia, acontece cá e poderá acontecer em qualquer outro país.
Freedom of expression is a fundamental human right. It is one of the most precious of all rights. We should fight to protect it.
11 de outubro de 2009
Judas
Autor: Mentiroso às 12:43
Tópicos: Burla, Descaramento, Desonestidade, Eleições, Indignidade
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3 mentiras:
Desconhecido Judas,
Fiquei muito bem impressionada pela forma clara e precisa como deixou aqui neste texto a sua crítica, tanto a que fez a figuras políticas, como a que referiu em relação a interesses defendidos por eles, cuja concretização só é possível porque o obscurantismo continua comodamente bem instalado no nosso País. Adequados programas para desenvolvimento cultural da população deveria estar na base das medidas urgentes a serem tomadas por qualquer governo, o que não acontece em Portugal. Quando refiro desenvolvimento cultural refiro-me a medidas revolucionárias a tomar a partir da base, tendo em consideração a formação duma nova geração.
O sucesso dos "vendedores de pomada Santa Gibóia" só é possível devido ao elevado número de ignorantes os quais, não só não têm motivação para lerem, por falta de hábito, como não estão à altura de compreenderem a maior parte das coisas que se escreve. Para conseguirem os seus objectivos, aqueles fabricantes de promessas manipulam a população duma forma que mexe com qualquer cadadão mais lúcido e melhor informado, o que é, lamentávelmente, impressionante.
A agravar esta situação está o facto da incultura levar a "cegas" tomadas de posição por aqueles a quem chamo "professores", os quais sabem tudo e não deixam que os outros saibam seja o que fôr. São essas posições, as quais é frequente transformarem-se em graves conflitos, que agravam a solução de problemas que muitas vezes poderiam ser resolvidos de forma democrática, mas que a referida incultura não consegue assimilar como sendo, a democracia, a correcta forma de ouvirmos e sermos ouvidos. Assim, impor-se-ia, com urgência, que os nossos políticos mudassem de táctica e começassem, não só a usar de transparência real (sim, porque há a transparência alienatória, muito perigosa) mas decidissem optar por transformarem as suas promessas em conversas duma verdade convincente. Como seria isso possível se eles defendem interesses que nada têm a ver com o melhoramento das condições económicas em que vive a maioria dos portugueses? Jamais!!!
Bem, mas já me estendi a comentar um assunto que nem precisava dum comentário tão longo. O que escreveu chegava e bastava, pela completa cobertura que fez, no seu artigo, dos diversos pontos de interesse crítico.
Os meus parabéns!
Maria Letra
Cara Maria Letra,
Não, o comentário não é longo. A julgar pelos resultados, pelo estado do país e pelo que as pessoas compreendem, tudo que se diga nesse sentido nunca é suficiente.
Caro Mentiroso,
Gostaria de pedir-lhe permissão para colocar este seu texto no meu blogue "Letras sem Tretas", recentemente criado, onde farei referência ao seu blogue.
Maria Letra
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