Mentira!

Neste blog e noutros sites do autor poderá prever o futuro do país tal como o presente foi previsto e publicado desde fins da década de 1980. Não é adivinhação, é o que nos outros países há muito se conhece e cá se negam em aceitar. Foi a incredulidade nacional suicidária que deu aos portugueses de hoje o renome de estúpidos e atrasados mentais que defendem os seus algozes sacrificando-se-lhes com as suas famílias. Aconteceu na Grécia, acontece cá e poderá acontecer em qualquer outro país.
Freedom of expression is a fundamental human right. It is one of the most precious of all rights. We should fight to protect it.

Amnesty International


9 de janeiro de 2008

Serei eu o louco?

Pareceu-me ouvir que os carros vão deixar de poder circular nas localidades a mais de 30 quilómetros por hora. E digo «pareceu-me» porque me custa a acreditar que seja verdade e talvez não passe de mais uma «promessa», embora não estejamos em campanha eleitoral. Será possível que pessoas inteligentes como é suposto serem os nossos governantes, caiam numa dessas? Mas se se trata de uma decisão, então fico com a certeza de que o louco não sou eu!

Mas, para iniciar a explicação da minha estupefacção, esboço a definição de dois conceitos que poderão aparecer nas frases seguintes. Excesso de velocidade existe quando se circula a uma velocidade superior à fixada por diploma legal e traduzida pelos sinais colocados na via. Velocidade excessiva é a que não permite ao automobilista controlar eficientemente a viatura de forma a evitar insegurança para esta, para ele próprio, os seus passageiros ou terceiros utentes da estrada.

A velocidade máxima imposta pela autoridade é sempre exageradamente inferior ao limiar mínimo da velocidade excessiva, até porque esta varia com as condições da estrada, com as condições de segurança da viatura e com a capacidade de condução do automobilista, a qual, por sua vez, depende da sua competência, experiência, do seu estado de saúde, de medicamentos que tenha tomado e de alimentos ou bebidas que tenha ingerido, assim como do seu estado psíquico (preocupações, tristeza, alegria, etc.).

Mas a observação da sinalização rodoviária ao, longo de ruas e estradas, evidencia que as restrições da velocidade raramente são efeito de vontade esclarecida de criar segurança, antes são a tradução de abusos repressivos, autoritários e de sadismo (doença do foro psicológico). Parece que o pensamento que precede a implantação de sinais não anda longe do seguinte. Se numa via em que era permitido circular a 90, houve acidentes provocados por carros a circular a mais de 100, os «inteligentes» colocam ali um sinal de 60, como se houvesse perigo em circular entre 60 e 90.

Em Lisboa, junto ao Terreiro do Paço, uma jovem senhora, no início da manhã, atropelou mortalmente peões numa zebra que na altura tinha o sinal verde para os peões. Ia a mais de 100, talvez perturbada pela noite mal dormida, ou distraída e com os reflexos adormecidos. Esse acidente, racionalmente, não seria motivo para que ali se reduzisse a velocidade máxima permitida. O que deveria ser tentado era evitar a repetição de outros abusos homicidas semelhantes aquele.

Com base neste acidente e outros parecidos, os «inteligentes» concluíram que para obter mais segurança a solução é obrigar a circulação a não passar dos 30! Ora, seria interessante saber quantos acidentes graves e com que frequência houve a menos de 40 ou a menos de 50. Não parece lógico que, se a limitação a 40 não impede acidentes a 100, se espere que esse resultado se obtenha com a limitação a 30 ou a 20 ou a menos!!!

Mas há outro aspecto que coloca em dúvida a tal «inteligência» e a atenção às preocupações actuais com a poluição. Circulando a 30, para percorrer uma dada distância, um carro demora um pouco mais do dobro do tempo do que se fosse a 60. E, como a transmissão tem de utilizar uma relação de caixa mais baixa, o motor nesse percurso terá de dar cerca de quatro vezes mais rotações, consumindo uma quantidade de combustível proporcional, do que se conclui que a cidade passa a ter o ar mais poluído, com mais do quádruplo de CO2. Isto é grave numa data em que tanto se fala em defesa do ambiente, da qualidade do ar, e que até se proíbe fumar para proteger a nossa saúde.

Por outro lado, se as ruas já estão tão congestionadas com tanto carro, agora que cada percurso demorará o dobro do tempo, será muito maior a quantidade de carros em movimento, cerca do dobro, passando as ruas a ficar intransitáveis com filas em pára-arranca, situação em que a criação de poluição é mais potenciada. E depois? O que acontece quando não se puder circular? Para onde vão as actividades económicas?

Então as pessoas acabarão por concluir que a solução é irem para o «deserto» da margem Sul do Tejo ou para o interior que alguns ministros têm vindo sistematicamente a procurar despovoar, onde por enquanto o ar é mais puro. Então, lá terá o ministro da saúde de reabrir maternidades, SAPs, urgências, centros de saúde, e outros apoios, para apoiar a multidão fugida das grandes metrópoles!

Onde está o discernimento destes «altos» funcionários? O que pensam realmente do ambiente e da qualidade do ar? O que pensam seja do que for?… Nem as pensam!!!

5 mentiras:

Pata Negra disse...

O importante é passar a ideia de que se tomam medidas nem que sejam estúpidas e impraticáveis

Paulo disse...

Antes da a última alteração ao Código Penal, os crimes cuja pena máxima ia até três anos permitia os criminosos nunca irem parar a prisão se , em troca, pagassem uma multa. Agora, com a última alteração, ninguém vai para a prisão, se pagar uma multa, se praticar um crime cuja pena máxima não ultrapasse os cinco anos.
Que bonita forma de aumentar os Euros nos cofres do Estado!
Se a velocidade deixar de ser 50km/h no interior das localidades e passar para 30km/h..o numero de contra-ordenações vai aumentar, logo aumentam os Euros nos cofres do Estado e o ar das povoações fica mais "carregado" de poluição.
Agora há cafés "às moscas" porque lá dentro não se pode fumar...as lavandarias agradecem - quem diria ... - então não é que os passarinhos se lembraram de fazer as suas necessidades fisiologicas sobre um número crescente de fumadores que se encontram junto às entradas de tudo o que são estabelecimentos públicos...
Só visto....
Paulo

A. João Soares disse...

Essa das lavandarias está com graça. Há sempre alguém que ganha com estas medidas «higiénicas». Mas perdem os cafés e aqueles que neles encontravam algum prazer e consolo para a solidão da vida madura.
Mas o problema do trânsito não tem melhorado tanto quanto necessário, porque em vez de combaterem as causas profundas dos acidentes, contentam-se em aumentar as restrições e as multas. Tomam medidas para mostrar que fazem algo, mas o mal continua por remediar e, entretanto, os cofres do Estado vão enchendo.
Abraços

linfoma_a-escrota disse...

proibido proibir
a loucura está na normalidade
eu ando de bicicleta
e de comboios debaixo dos bancos
revolution will not be televised
i'm washing my hands from the whole thing...




www.motoratasdemarte.blogspot.com

A. João Soares disse...

Linfoma,
«a loucura está na normalidade». Não é fácil riscar a fronteira entre uma e outra. Todos temos um pouco de louco, mas há tipos que abusam, são açambarcadores!
Um abraço
A. João Soares