Mentira!

Neste blog e noutros sites do autor poderá prever o futuro do país tal como o presente foi previsto e publicado desde fins da década de 1980. Não é adivinhação, é o que nos outros países há muito se conhece e cá se negam em aceitar. Foi a incredulidade nacional suicidária que deu aos portugueses de hoje o renome de estúpidos e atrasados mentais que defendem os seus algozes sacrificando-se-lhes com as suas famílias. Aconteceu na Grécia, acontece cá e poderá acontecer em qualquer outro país.
Freedom of expression is a fundamental human right. It is one of the most precious of all rights. We should fight to protect it.

Amnesty International


27 de julho de 2007

Táctica de Trapaceiro

Cada vez que ouvimos Sócrates falar, ele desmente aquilo a que chama boatos, assim como tudo o que sobre ele e as suas acções se conhece e se comenta pelo país fora, incluindo as demonstrações contra ele. Será que todos se enganam menos ele, que só ele detém a verdade? Se assim for interessa saber o porquê. De três causas possíveis só uma pode ser válida: ou são todos parvos menos ele, ou é ele o parvo, ou o que diz é no intuito de fazer de nós parvos.

Como costumamos ter conhecimento das ideias luminosas do déspota iluminado? É ele que as apresenta como de sua obrigação, ou obtemos conhecimento dos seus intentos por portas e travessas? Uma vez que ele não fornece uma informação directa ao povo seu soberano, de que reclama? Ao que parece estamos em face dum monstro pedante a rebentar de arrogância. Pena é que não rebente mesmo. Um impostor por não prestar as contas que deve à nação, tudo encobrindo com a sua arrogância podre. Não se conhece o que psicologicamente significa a arrogância e as características comportamentais daqueles que dela se servem em tudo e para tudo?

Como se isto não bastasse, ainda se atreve a mentir descaradamente, afirmando que Portugal tem “um dos melhores sistemas de saúde”. A sua confiança na ignorância dos portugueses sobre este assunto parece absoluta em virtude da canalha jornaleira nunca ter informado como se passa realmente nos outros países europeus. Como se classifica quem minta e declare tais embustes socretinos?

Os cancerosos esperam seis meses por intervenções extremamente urgentes. Os com problemas do cólon esperam mais de um ano por uma colonscopia. Basta indagar nos hospitais para se ficar a conhecer como é. Os cretinos que entrevistaram o Sócrates não sabiam ou encobriram-no? Que pandilha!

Caso os jornaleiros nos tivessem informado do assunto da saúde saberíamos que não há nenhum país na Europa em que a população não possa escolher o seu médico assistente ou outro que por necessidade especial queira consultar. Todos os médicos trabalham para o serviço nacional de saúde dos seus países, donde cada habitante é livre de escolher aquele que quiser. O mesmo para serviços de diagnóstico, de laboratório ou qualquer matéria relacionada com a saúde. A população dirige-se onde deseja. Caso se pretenda uma clínica de luxo, o estado paga a tarifa hospitalar normal e o utilizador põe o restante. O serviço médico é garantido igual, sendo a diferença unicamente nos serviços ditos hoteleiros. A igualdade dos serviços clínicos, independentemente do estabelecimento, é uma garantia democrática. Em Portugal, não, prova de que não é uma democracia, pelos padrões europeus é um país do terceiro mundo.

Fazendo uma comparação de custos realista e não de vendedor de banha da cobra – em que a base só pode ser em percentagem do ordenado médio – os custos em Portugal, para o cidadão comum, são os mais elevados da Europa. Se na nossa consideração incluirmos ainda o número de pessoas assassinadas por outros motivos e fazendo um transposição temporal, estamos a ser tratados pior que num campo de concentração de prisioneiros da guerra de 1939 a 1945. Nesta comparação realista não se incluem os campos japoneses nem os hitlerianos de exterminação de judeus. Os prisioneiros de Colditz, por exemplo, tiveram um tratamento com que em Portugal os pobres nem podem sonhar.

Nas pessoas assassinadas contam-se todos aqueles que morrem por falta de assistência devido à espera pelo socorro ou nas ambulâncias que percorrem grandes distâncias para chegarem a um hospital. Segundo o comandante dos bombeiros de Évora, trata-se dum mero acontecimento semanal. No Alentejo os serviços médicos da «região desértica» são os mais escassos do país. Para quem quiser verificá-lo basta dar uma volta pelos serviços de urgências e de consultas externas dos hospitais de Setúbal e de Lisboa e contar o número de ambulâncias que encontra provenientes do Alentejo.

Verdadeiramente, só visto. E há quem nos minta bestialmente, afirmando que temos um dos melhores sistemas de saúde. Mente porque sabe que os portugueses estão num estado de completa desinformação, donde a sua chance de ser acreditado é evidente e tanto maior quanto maior a gravidade desse estado.

O estado de ignorância dos portugueses é tão profundo e a triste realidade em que vivem a anos-luz de atraso, que muitos nem acreditam nestes factos concretos e comuns.

O serviço de saúde foi a maior patranha apresentada por todos os governos desde o início e nunca foi modernizado, continuando tal como na sua criação pelo Estado Novo, então uma obra meritória. Mas isso foi há cerca de sessenta anos; os tempos mudaram em todo o mundo; em Portugal não continuamos na mesma, nisto piorou. Mário Soares é um dos maiores responsáveis por este estado, visto ter sido no seu tempo que se fingiu uma reorganização. Este facto não iliba, todavia, os governos que se sucederam que nada fizeram, a não ser o do Cavaco que diminuiu drasticamente o número de vagas para medicina, gerando a situação actual, sem novos médicos para substituírem aqueles que se foram ou vão reformando.

O serviço de saúde é uma autêntica barafunda. Presta-se assim especialmente às negociatas e à incompetência e prepotência de muitos médicos, de hospitais comerciais, um rol sem fim. Estamos numa situação muito semelhante com a nação que tem o pior serviço de saúde mundial: os EUA. Só que em Portugal ainda é pior. Como em tudo, aliás, mas bem encoberto, a ponto de qualquer político poder inventar praticamente o que quiser sem receio que lhe chamem impostor. Podem gozar o Zé Povinho à vontade, porque se ele já tudo permite, muito mais permitirá quando mergulhado na ignorância.

Mas há mais, muito mais, só que os jornaleiros desonestos o escondem propositadamente. Alguém terá reparado nas expressões vazias dos entrevistadores desmiolados de 25-7-07? A entrevista pouco interesse despertou; segundo o Diário Económico foi vista por pouco mais de 840.000 pessoas. Os ineptos nem contestaram a afirmação embusteira sobre a qualidade dos serviços de saúde. São Por ignorância, por estupidez, por incompetência ou por conluio?

Que admiração, num país onde tantos noticiários são iniciados com longas reportagens sobre a corrupção mafiosa do futebol, outra chaga da sociedade a que alguns atrasados ainda chamam desporto. {Aditamento pós publicação: [Que admiração, num país onde nos dias que se seguiram ao da entrevista mencionada neste artigo, todos os noticiários abriram com uma história sobre um qualquer escoiceador de bolas.]} Que admiração, num país onde é permitido anunciar um produto de alimentação normal – como o Danacol – como medicamento contra o colesterol! Com uma legislação e regulamentação defeituosas, concebidas por incapazes de trabalhar, mas altamente especializados na vigarice e no logro para se servirem do estado para os seus interesses pessoais tudo é de esperar. Sobretudo com um povo manso, domesticado e que tudo acata sem estrebuchar. As leis mais inteligentes são as que desresponsabilizam a corrupção política e que até a fomentam (caos das nomeações que causam o desemprego entre os competentes). Prova da estupidez crassa é a lei que obriga a matar os cães que mordam pessoas, em vez do dono. Os parideiros de leis estúpidas ainda não conhecem o velho ditado de que pelo comportamento dos cães e das crianças se reconhecem, os valores, os princípios e a mentalidade dos adultos. Tal é o atraso em que se encontram.

A coerência dos governos só está patente na defesa dos interesses dos parasitas corruptos. A incoerência impera no restante. Os últimos casos foram expostos no blog Do Mirante.

2 mentiras:

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso,
Com a verdade exposta com tanto realismo e frontalidade, não restam dúvidas quanto ao estado em que a Nação está. Uma boa análise da forma como é lançada fumaça para os olhos dos incautos, que são a maioria da população. A ignorância, a indiferença, o espírito sofredor o medo de se expressar, tudo apoiado pelos rapazes da comunicação social dão ao poder possibilidade de enganar impunemente o povo.
Muito obrigado pela referência ao Do Mirante
Um abraço

Isabel Magalhães disse...

Completamente elucidativo.

Apenas um detalhe: pior que não poder escolher médico de família é não ter médico de família.
Na minha freguesia, com uns trinta mil cidadãos eleitores, haverá uns dez mil sem médico. Apenas.


[]
I.