Mentira!

Neste blog e noutros sites do autor poderá prever o futuro do país tal como o presente foi previsto e publicado desde fins da década de 1980. Não é adivinhação, é o que nos outros países há muito se conhece e cá se negam em aceitar. Foi a incredulidade nacional suicidária que deu aos portugueses de hoje o renome de estúpidos e atrasados mentais que defendem os seus algozes sacrificando-se-lhes com as suas famílias. Aconteceu na Grécia, acontece cá e poderá acontecer em qualquer outro país.
Freedom of expression is a fundamental human right. It is one of the most precious of all rights. We should fight to protect it.

Amnesty International


1 de julho de 2007

DFEITOS DE FABRICO NUMA IMAGEM ARTIFICIAL


"Depois de andar durante pouco mais de um ano em busca de asilo político estável, sucessivamente expulso daqui e dali (por imprudência, quando não por falta de senso), pode dizer-se pois, curiosamente, que na realidade o «exílio» de Spínola começa com o seu regresso a Portugal: agora, sim, estava verdadeiramente «exilado» da vida política do País e da sua própria vida profissional, posto à margem das suas ambições e da sua carreira. E, como o País, também o exílio do marechal acabou por se encontrar sem rumo e sem objecto.

Não é difil detectar (completando com as suas manifestações e acontecimentos de exilado o que Spínola foi revelando da própria personalidade ao longo dos seus cinco meses de governação) os príncipais defeitos de fabrico de que enfermou a laboriosa construção; as coisas ficarão com efeito perfeitamente claras se pensarmos um pouco nos traços característicos da imagem que se pretendeu fabricar.

Desde, pelo menos, aquela carta dirigida pelo então tenente-coronel Spínola, em 1961, ao presidente Salazar, sendo afinados e articulados, até darem o produto que Marcelo Caetano «vendeu» ao Movimento das Forças Armadas (MFA) e ao País de Abril de 1974: um grande soldado, valente, desembaraçado, enérgico, firme, determinado, persistente, hábil, bem preparado, pragmático, com alta capacidade intelectual, visão política, serenidade. As atitudes públicas um pouco rígidas, um tudo-nada desdenhosa; o uniforme impecável, mesmo debaixo de fogo (com os complementos ligeiramente teatrais do monóculo, do pingalim, das luvas sempre calçadas); as frequentes deslocações às frentes de combate, quase de improviso, combinando sugestões de bravura pessoal e de fria impassibilidade; todas essas manifestações, todos esses aspectos digamos que físicos e materiais, tinham contribuído ( teimosa e amplamente divulgados pelos jornais e televisão «marcelistas») para sublinhar a imagem psicológica de um autêntico chefe, completo e quase providencial.

Só que...Só que, essa imagem cuidadosamente elaborada, muito poucos elementos eram reais e o seu artificialismo não tardou em evidenciar-se, tão depressa o chefe se viu colocado - pela força das circunstâncias - em posição de ter efectivamente de chefiar. Então começaram a saltar à vista de todos os tais defeitos introduzidos dolosamente na fabricação: a imagem da valentia estava construída sobre o frágil alicerce de uma falta de coragem moral que levou o marechal ao temor quase doentio de assumir no momento próprio a responsabilidade das grandes decisões; ao apregoado desembaraço correspondeu a pusilanimidade das constantes vacilações na acção; as sucessivas claudicações não autorizavam já a confiança na esperada energia e firmeza de atitudes; nem as indecisões, as incoerências e a desorientação com que o marechal encarou os acontecimentos que teve de enfrentar podiam continuar a fundamentar a ideia da proclamada determinação e persistência; em lugar da habilidade e agudeza de vistas, foi-se revelando uma inverosímil credulidade, fruto - além do mais - de uma agora bem visível inexperiência e de uma inexplicável falta de informação, que deixaram igualmente sem conteúdo a imagem do chefe pragmático e bem preparado para a função; o primarismo das suas concepções de governo e a inconsistência das suas declarações públicas denunciaram, por outro lado, uma fragilidade intelectual e uma ignorância em matéria política muito pouco acordes com a imagem que anteriormente tinha sido «servida» ao povo português; com os impulsos, os «repentes», os ataques de cólera, desmentiram a impassibilidade, a serenidade, de que se havia pretendido dar mostras". (Spínola - o anti-general- de Eduardo Freitas da Costa).

Serão os sonhos determinantes na vida dos homens? Até que ponto pode um País ficar prisioneiro da "esquizofrenia" dos politicos com "defeitos de fabrico"?

3 mentiras:

Espectadora Atenta disse...

Desculpe o comentário, pois sei que nada tem a ver com o tema que aqui colocou a discussão, mas neste momento, existe na blogsfera uma campanha de solidariedade com o Prof. Caldeira por causa do processo de José Sócrates e vários blogues aderiram a esta "pequena" ajuda...
Se quiser colaborar com esta campanha é só colocar no seu blogue a imagem da campanha feita pelo KAOS que já inclui um link para quem quiser assinar a petição on line sobre o tema...Pode encontrar esta imagem no blogue do KAOS ou no meu...

Atenciosamente...

Fly disse...

Boas
é para te informar que te atribuí o prémio blog activista.

abraço

A. João Soares disse...

Um texto muito interessante. Conviria acrescentar que no fabrico da imagem utilizava atitudes erradas que ficavam obscurecidas por falta de coragem de as pessoas as evidenciarem. Repetidamente enxovalhava colaboradores directos diante de subordinados, de forma sádica e teatral, contra o que estava bem explícito no regulamento de disciplina.
É curioso que Mário Soares, que se diz democrata, o tenha apoiado depois da sua deserção após o 11 de Março. Sem dúvida que Soares tinha esperança num apoio posterior do homem com prestígio que tinha seguidores e apoiantes.
Coisas da vida, coisas que a história acaba por desmascarar.
Abraço