Como anarquista convicto, tenho-me dedicado neste blogue - O Anarquista - à luta permanente contra o poder e o Estado, especialmente no que toca à realidade portuguesa. Contudo, o anarquismo pretende igualmente ser internacionalista e ignora os limites impostos artificialmente pelas fronteiras entre os Estados. Por esse motivo, venho agora dar destaque a um acontecimento internacional da maior importância para a luta anarquista. Num movimento único pela sua dimensão e significado, pelo sexto dia consecutivo, a Grécia foi ontem palco de novos confrontos, no rescaldo da morte de um adolescente de 15 anos pela polícia, no sábado passado. Em Atenas ocorreram confrontos entre jovens e agentes da autoridade, frente à Faculdade de Economia, ocupada pelos estudantes. Para além dos confrontos ocorridos frente à Faculdade, registaram-se igualmente alguns incidentes diante da prisão de Korydallos, em Atenas, a principal do país, e em outros dois bairros da capital grega. Para mais pormenores, sugiro que leiam esta notícia que publiquei no meu site Contracorrente.
Como se não bastasse, a agitação grega espalhou-se entretanto até Espanha – a Madrid e a Barcelona – e um um atacante lançou um engenho incendiário, na noite do dia anterior, contra o consulado grego em Moscovo. Em Bordéus, no sudoeste de França, dois carros foram incendiados diante do consulado da Grécia. De acordo com uma fonte policial, 15 estabelecimentos universitários e uma centena de liceus em Atenas e Salónica, a segunda maior cidade grega, estão ocupados desde o início da semana por estudantes e jovens, em sinal de protesto contra a morte do adolescente. A Grécia está, desta forma, mergulhada numa onda de violência urbana sem precedentes desde a restauração da democracia, em 1974.
Não há autoridade ou forma de poder que consiga travar uma onda tão violenta e vasta como esta, utilizando os seus meios tradicionais. Um movimento tão espontâneo como este mergulha definitivamente as suas raízes num descontentamento generalizado das massas populares face ao sistema estabelecido. O porquê e o quando este movimento teve o seu início não é tão importante quanto o seu significado perante a forma de funcionamento das democracias ocidentais. Encurralados em sistemas partidários rígidos, os regimes parlamentares encontram-se de costas voltadas às verdadeiras necessidades do povo que deveriam representar. Um movimento de massas anarquista e libertário de tal amplitude mina, em última análise, a forma como os actuais regimes democráticos neoliberais estão organizados. Elitistas e corruptos.
12 de dezembro de 2008
Um movimento de massas anarquista
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5 mentiras:
Caro Savonarola,
O movimento que está em curso, surgido na Grécia e a alastrar pela Europa, não é bom e é difícil de parar, mas resulta de uma sucessão de erros acumulados durante muitos anos em que minorias autoconvencidas do seu poder intocável têm explorado os povos e seu próprio benefício, usando métodos que nada têm de democrático, como acontece por caá nos braços de ferro de ministros que teimam em governar CONTRA os seus mais directos agentes e não COM a colaboração destes, como é o caso de professores, médicos, enfermeiros, farmacêuticos, militares, juízes.
Pensando apenas em dinheiro, esses governantes impõem soluções que nada beneficiam o País e recusam ajutar as suas decisões às realidades, por forma a serem mais eficazes e construtivas de uma sociedade melhor.
Cegos e surdos, mantêm-se alheios às necessidades e capacidades dos seus tutelados, e continuam a deixar que os descontentamentos se agravem e acabem por explodir, como está a ver-se pela Europa. É lamentável que a atenção dos governantes não esteja permanentemente virada para o povo soberano, a fim de detectarem pequenos sinais de mal-estar para resolver os problemas antes de se avolumarem e criarem situações de gravidade. Mas não. As capacidades destes corruptos esgotam-se na busca de vantagens pessoais e na busca do cartão de «ex-ministro» para usufruírem das vantagens dos «tachos dourados» e das pensões milionárias acumuladas».
Só é pena que na Grécia e noutros países a fúria esteja a causar prejuízos a gente pacata e trabalhadora e não se focalize nos agentes causadores do mal-estar geral.
Na revolução francesa guilhotinaram o rei!!!
Um abraço
João
Existem várias causas para estes acontecimentos, mas todas causadas pela corrupção, incapacidade, ganância, governos anti-democráticos disfarçados em sê-lo, sobretudo injustiça social. A morte dum estudante, após um esboço de revolta, foi o fósforo no barril de pólvora. Se fosse em Portugal nada teria acontecido, como nada aconteceu depois de um Guarda Republicano ter cortado a cabeça a um homem e a ter escondido no mato, como nada de nada acontece quando uma polícia desnorteada e desorientada por falda de instrução adequada anda por aí parvamente aos tiros como no far west. Pelo contrário até, como acham que as armas que têm já não matam bem dão-se-lhes novas pagas com o dinheiro dos que são assassinados por eles, como se a função da polícia fosse a de matar e não de prender. Não seria esse dinheiro muito melhor gasto no melhoramento da instrução adequada da polícia? Em Portugal os carneiros vão-se deixando matar sem a mínima reclamação, o balofo do ministro do interior diz que tudo vai bem e a corrupção segue de vento em poupa, assoprada por incapazes apenas com esperteza para roubarem o estado.
Caro A. João Soares,
Estes movimentos crescem porque o poder está de costas viradas para o povo que devia governar. Está muito mais interessado em garantir as mordomias inerentes ao exercício do próprio poder.
Um abraço
Caro Mentiroso,
As polícias actuam impunemente porque beneficiam do chapéu de chuva de quem é responsável por elas.
Um abraço
Caro Savonarola,
Concordo com o que diz. O que me desgosta é ver as multidões desorganizadas a destruírem os bens de pessoas inocentes e a não beliscarem os responsáveis pelo mal-estar, os políticos que foram eleitos para melhorar as condições vida dos gregos e que estão a enriquecer à custa do povo, causando o desgaste do pouco que as pessoas tinham.
Abraço e Boas Festas
João
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