Mentira!

Neste blog e noutros sites do autor poderá prever o futuro do país tal como o presente foi previsto e publicado desde fins da década de 1980. Não é adivinhação, é o que nos outros países há muito se conhece e cá se negam em aceitar. Foi a incredulidade nacional suicidária que deu aos portugueses de hoje o renome de estúpidos e atrasados mentais que defendem os seus algozes sacrificando-se-lhes com as suas famílias. Aconteceu na Grécia, acontece cá e poderá acontecer em qualquer outro país.
Freedom of expression is a fundamental human right. It is one of the most precious of all rights. We should fight to protect it.

Amnesty International


24 de maio de 2011

Eleições
Em Democracia Não Devia Valer Tudo

Artigo da autoria do Dr. Fernando Paulo Baptista sobre o seu colega Dr. Fernando Nobre. Sem comentários. De lembrar, apenas, que o «barrete» serve a todos os que de um modo ou de outro tenham o mesmo procedimento, o aprovem, ou dos impostores se sirvam; não excluindo os outros, no caso presente, o Pedro Coelho e a sua oligarquia mafiosa dos mestres do roubo, como o seu conselheiro Dias Loureiro. Não se limita ao Coelho e é geral. A mentira, a falsidade e o oportunismo pela ignorância e pela imaturidade política dos portugueses há muito que se instalaram no país. Não o ver é aprovar. Por isso se aprovam os corruptos, votando neles. Nada mau – tem-se o que se aprova.


Em Democracia, não deveria valer tudo!…

Por princípio e por formação, respeito a «diferença» que em todos nós existe e nos acompanha inelutavelmente ao longo da vida e, com ela, a inteira liberdade de fazer opções... É nessa base que não posso deixar de ponderar as implicações que decorrem da igualmente livre assunção de compromissos políticos, sobretudo quando se invocam, na ágora da Pólis, princípios de natureza ético-axiológica para fundamentar, sustentar e credibilizar esses mesmos compromissos...

A essa luz, não consigo compreender que tenha sido possível trocar um «Projecto de Cidadania de Homens e Mulheres Livres, Responsáveis e Independentes», um «Projecto» assente em Valores Humanistas Universais como aquele que Fernando Nobre nos propôs e defendeu durante a recente campanha das Presidenciais, como alternativa ao que ele chamou de «sofoco» atrofiante e estagnante da «partidocracia» e da «mediocracia» reinantes — sofoco esse, responsável, segundo ele, pelo «lastimável estado de coisas» a que chegámos e no pressuposto de que as potencialidades da Democracia estão bem longe de se esgotar na intervenção política protagonizada pelos partidos...

Não consigo compreender, repito, que tenha sido possível trocar um tão esperançoso e mobilizador «Projecto», depois de, ainda bem recentemente, ter reiteradamente afirmado e garantido, em tom assertivo e categórico, que jamais aceitaria convites para ingressar em partido algum, fosse ele qual fosse!...

Então o que é que o terá levado a «trocar» esse tão rico, tão sedutor e tão inovador «Projecto» transpartidário pela «adesão» (repare-se que não digo «inscrição» ou «filiação»...) a um partido, independentemente de ser aquele ou de ser outro, mas a um partido que ele igualmente atacou (mesmo que venha agora invocar o protector mas já estafado “guarda-chuva” de que concorre como «independente»...)?...

Então, na sua campanha de candidatura presidencial, não invocou sistematicamente essa mesma prerrogativa da «independência»?... Afinal, o que é que, para Fernando Nobre, passou a significar esta palavra? Que «independência» era aquela que ele defendeu nas presidenciais e que «independência» é esta de que fala agora?...

A resposta para aquela referida «troca» é bem simples, se for tido na devida conta aquilo que todos ficámos a saber... E basta de mais mistificações: trocou tudo por uma aleatória e efémera «cadeira de poder», ou, como diria o meu saudoso Padrinho e Poeta Azevedo Pinto («Rijo»), trocou tudo «pelo tacho e pelo penacho», opção que não deixa de estar em perfeita sintonia com o que ressalta da divulgação do «organograma» (e de vários testemunhos que não são «anónimos», porque, se o fossem, repugnar-me-iam!...) do que tem sido a “nobilíssima” governação da ONG denominada AMI (vejam-se, entre outras, as seguintes referências na Internet, com autoria bem identificada:

http://triplov.com/triplo2/2011/04/16/organograma-da-ami/

http://onlinebackupv.posterous.com/organograma-da-ami

http://groups.google.com/group/ia99/browse_thread/thread/0e5ec131c1e7f701...

http://memoriarecenteeantiga.blogspot.com/2011/05/no-organograma-ami.html

http://aespeciaria.blogspot.com/2011/04/ami-de-fernando-nobre.html

http://s3.amazonaws.com/files.posterous.com/onlinebackupv/IgjnEay5JBnG2JrGElrbbDOIjNtXHx0KZoR1TgW6vOKqpjLNEbKkwX4YBODR/OrganogramaAMI.pdf?AWSAccessKeyId=AKIAJFZAE65UYRT34AOQ&Expires=1305629929&Signature=lCgKwh8MhlA0Bc9pscU41duq7rs%3D).


É, na verdade, muito triste e muito preocupante não saber honrar a palavra dada e inequivocamente repetida em público perante todo o País!...

Na minha qualidade de Membro Honorário do Movimento Internacional da Telemedicina, eu era um velho amigo e admirador do médico Fernando Nobre, Presidente da AMI. Acreditei nele, ao ponto de ter tido a intervenção que tive no dia da apresentação da sua candidatura em Viseu, quando, na sequência do «diagnóstico» e da caracterização «patológica» da actual situação política, afirmei, em registo metafórico-alegórico, perante a numerosa assembleia de apoiantes: «O País está tão doente que só um Médico o pode salvar!... É por isso que também estou aqui para apoiar Fernando Nobre!...».

Sinto-me, consequentemente, defraudado e envergonhado, tanto mais que não estou filiado em partido nenhum. E, embora respeite os partidos, não sinto «vocação» para a vida partidária, pelo que prefiro ser um cidadão realmente independente de qualquer «máquina» dessa natureza e porque, na «visão franciscana», englobante e «inteira» (íntegra) do mundo e da vida que tento cultivar, me sinto despojado de qualquer ambição de poder...

Defendo, sim, um «Projecto de Cidadania» humanista e universalista, holística, polifónica, integral, intercultural, inclusora e respeitadora de todas as diferenças, à escala local, nacional, europeia e planetária... Esse é o sonho que me move e que dá sentido à minha existência: veja-se, a propósito, o que venho defendendo, há largos anos, nos meus estudos, ensaios e reflexões, nomeadamente, no Polifonia, Poiese & Antropopoiese...

Devo confessar, porém, que tenho bons Amigos em todos os partidos dos diferentes quadrantes, alguns deles com indiscutível valor e que muito admiro pela sua cultura, competência, coerência e integridade... Mas não posso deixar de reconhecer também, com toda a frontalidade, que anda por lá muita gente inculta, medíocre e oportunista, apenas à espreita de um lugar bem remunerado no «poleiro» do poder, em troca de uma «fidelidade» (no fundo a si próprios e aos seus mesquinhos «interesses» pessoais...) e de uma militância sem nível, sem ideias e sem grandeza...

Por outro lado, e salvo honrosas excepções, não tem havido, a nível nacional, lideranças com qualidade estratégica, pelo que a condução política do País é o que se tem visto, sobretudo nestas duas últimas décadas pós-25 de Abril, apesar de tanto dinheiro que veio da Europa...

É por tudo isso que não consigo esquecer-me daquilo que um ex-ministro, meu amigo, escreveu e um dia me reiterou acerca de um famoso e devorador «monstro» (e de seu esfíngico «pai»...) que tem persistido até hoje: basta pensar, num contexto de tanta dificuldade, pobreza e sofrimento, na intocada manutenção das altas remunerações e mordomias, seja no sector público, seja no sector privado!... Como se o nosso tão calvariado Povo e País não fosse aquele mesmo e único País e Povo, já com mais de oito séculos de História!... Só que os «abutres» e os «vampiros» que tantas vezes se autoproclamam de «Patriotas» não o largam: sugam-lhe a carne e chupam-lhe os ossos... Basta recordar a sempre actual «lição» do nosso imortal Camões: Os Lusíadas, IX, 27-28:


«E vê do mundo todo os principais,
Que nenhum no bem público imagina;
Vê neles que não têm amor a mais
Que a si somente, e a quem Filáucia ensina;
Vê que esses que frequentam os reais
Paços, por verdadeira e sã doutrina
Vendem adulação, que mal consente
Mondar-se o novo trigo florescente.

Vê que aqueles que devem à pobreza
Amor divino, e ao povo, caridade,
Amam somente mandos e riqueza,
Simulando justiça e integridade;
Da feia tirania e de aspereza
Fazem direito e vã severidade;
Leis em favor do Rei se estabelecem,
As em favor do povo só perecem.»


Perante a decepção provocada por esta tão grave incoerência e «traição» de Fernando Nobre (que pensava serem exclusivas dos habituais «cata-ventos» e «troca-tintas» que têm proliferado na nossa nevoenta cena política politiqueira), não posso silenciar a minha indignação, motivada pela sua aceitação de um convite que se me afigura muito mais «oportunista» do que outros de que nos vamos dando conta, sobretudo nos partidos do chamado «arco da governação». Mais ainda: chega mesmo a ser confrangedor vê-lo, sem o menor recato, a percorrer o País, na posição de «fiel seguidor» do seu novo «líder»... Ou seja: do autónomo e esperançoso «Líder-Presidente» que se nos afirmou nas Presidenciais, aceitou transformar-se num banal figurante de arruadas e assumir o triste, medíocre e dependente papel de um vulgaríssimo «liderado», esquecido por completo de que sobre si próprio passou a impender a implacável «lição» daquele famoso passo do De imitatione Christi, segundo o qual, no fim de tudo: quam cito transit gloria mundi!... [quão depressa passa (ou quão efémera é) a glória do mundo!...] (Cf. Thomas a Kempis: De Imitatione Christi, Liber Primus, cap. I, 6).

Modelado que fui pelos grandes ideais e valores da Bíblia (Livro de Job, Livro da Sabedoria, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes...) e da «Paideia Clássica» (lato sensu: Greco-Latina e Hebraico-Cristã), destacando, na dimensão mais «politeica» da existência, os que me foram legados, entre outros, pelos Imortais Homero e Vergílio, por Poetas como Hesíodo, Safo, Anacreonte, Xenófanes, Teógnis, Píndaro e Horácio, pelos Grandes Tragediógrafos Ésquilo, Sófocles e Eurípides e por Pensadores como Heraclito, Sócrates, Platão, Aristóteles (ai como a «Ética a Nicómaco» é tão actual e tão necessária na República!...), Cícero, Séneca e Santo Agostinho, este tipo de prática «política» (com «p» minúsculo) que vem marcando a actualidade mete dó… E sentir dó, por motivos desta natureza, faz mesmo sofrer...

Mas seja-me permitido acrescentar ainda o seguinte, porque entendo que em Democracia temos a obrigação de ser transparentes e frontais: quem decidiu convidar um homem que tanto atacou o «sufoco» do esclerosado e medíocre sistema «partidocrácico» vigente, de um homem que inesperadamente perjurou e abandonou todos quantos tão confiadamente nele acreditámos e lhe demos o nosso sincero e convicto apoio, em suma, de um homem que não soube honrar os compromissos assumidos nem a palavra dada, quem decidiu convidá-lo, insisto, também não sai nada dignificado com o convite que fez: é que, por arrasto, vem à memória a escandalosa «promoção» ao nível da liderança parlamentar de certa «ave migratória» ideologicamente oriunda de um bem demarcado e inconfundível «comité central», situado nos antípodas do partido convidante!... Afinal, para quem assim perspectiva o País e a Pólis, tudo parece valer, prestar ou servir: o «euro» — € — da nossa política está mesmo falido...

3 mentiras:

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso,

Transcrevi este post para o meu blog.
Cada vez sinto mais a dificuldade de os portugueses bem intencionados votarem.
Nada de fundamental se resolve por mudar de pessoas ou de partidos. Há quem esteja a decidir só para afastar o PS e, portanto votar no outro candidato com capacidade de vir a ser PM.
Mas, na realidade, este não se pronuncia sobre os graves problemas do despesismo do Estado aliás já definidos em Outubro passado pelo ex-líder do seu partido, Marques Mendes, em Marques Mendes apresenta lista com dezenas de institutos públicos que podem ser extintos, parecendo que tem interesse nessas fontes de «emprego» ou tachos para os seus «boys».
Segundo este segundo argumento, parece que o voto mais racional seria o VOTO EM BRANCO, para estimular uma alteração do regime através da mudança da Constituição ou por outro modo. Mas estas mudanças não serão resolvidas pelas próximas eleições, o que gera as dificuldades referidas no início desta reflexão.

Um abraço
João

Maria disse...

A partir do momento que quase todos foram votar "contra" o Sócrates, votar não foi um direito mas uma fuga de portugueses assustados.
A partir do momento que as pessoas vão votar e não têm nenhum candidato que confiem ou gostem, votar é apenas um beco sem saída.
A partir do momento que as pessoas vão votar desconhecendo quem lá vão meter, votar é apenas um acto de ignorância e irresponsabilidade.
A partir do momento que as pessoas vão votar apenas porque são fieis a um partido, independentemente do que ele fez de bom e de mau pelo país, é um acto de cegueira obtusa.
A partir do momento que vão votar apenas porque os amigos lhe escolhem o partido, é um acto de irresponsabilidade.
A partir do momento que nunca sabemos onde e quando vão começar os actos de corrupção, favoritismos, despesismo que arruínam o país impunemente. Votar é um tiro no escuro.
A partir do momento que sabemos que as leis não se aplicam aos políticos, mesmo quando as infringem escapam sempre, mesmo que provoquem prejuízos de milhões ou perdas de vidas humanas.
Assim votar não é um direito é meter um rato na nossa dispensa e fechar a porta e os olhos e deixa-lo andar.

VOTAR irá ser UM DIREITO quando:
- votarmos consciencializados
- votarmos com informações capazes sobre os candidatos
- votarmos seguros que confiamos no nosso líder
- votarmos num líder avaliado nas suas qualidades de gestor, economista etc e tiver provas dadas disso mesmo.
- Votarmos para colocar um grupo de pessoas em cargos legislados com regras, correctamente puníveis, fiscalizados e responsabilizados.
- Votarmos não no melhor vendedor de banha da cobra/ líder carismático e bem falante MAS SIM NUM CANDIDATO COMPETENTE, INTELIGENTE, RESPONSÁVEL, HONESTO e claro avaliado por testes tal como qualquer líder que gere uma grande empresa.
Seremos assim tão burros que preferimos um líder que engane bem, do que um líder que seja avaliado e capaz ?
Nunca vi nenhuma empresa, grande ou pequena, contratar os seus Presidentes ou directores, baseado nas suas capacidades oratórias !!!! Ou na sua capacidade de andar a lamber botas na altura dos votos!!!!
Porque razão os GESTORES DA "GRANDE EMPRESA" PORTUGAL tem que ser escolhidos por características menos abonatórias e nada fidedignas?

Deveria ser proibido os candidatos manipularem o povo ...ENFIM. e TEREM O APOIO DO estado e dos meios de comunicação para isso.

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso e amiga Zita,

Compreendo-vos, mas temos de ter presente que há uma diferença entre o ideal e a realidade prática quotidiana. De acordo com o ideal votei branco, mas compreendo que a nossa população dadas as condições de aculturação e iliteracia tenha votado naquilo que julgou menos mau. A realidade é essa. E é dela que temos que partir para a fazermos evoluir. Não se pode dar um salto que de uma só vez ultrapasse esse fosso. Na colaboração que devemos dar para essa evolução temos que pensar com realismo nos pequenos passos, nas etapas a vencer, para se chegar ao objectivo.
Será necessário que se use uma metodologia parecida com a referida em Onde Estamos? Para Onde Vamos?. Em matérias como esta de transformar a maneira de ser de uma sociedade, não há milagres de varinha mágica, sendo necessária uma acção formativa e informativa lenta, persistente e continuada ao longo do tempo.

Como escrevi num dos posts mais recentes, «devemos fazer um esforço para colocar de lado as nossas camisolas clubísticas e não esquecer, um só momento, que Portugal precisa do melhor de cada um de nós. Não devemos recusar ao País a nossa colaboração consciente, edificante e pragmática, tendo em vista objectivos imediatos e a longo prazo. O futuro distante não pode ser construído sem se passar pelo presente e pelo dia de amanhã.»

Será bom que as gerações mais jovens, que têm à sua frente muitos anos de vida preparem o seu Portugal do futuro, e não pensem que são os velhotes que pouco já podem esperar das mudanças, cortem com as suas tradições e hábitos para alterar o regime. Nesse ponto, será útil que Passos Coelho não se deixe dominar pelos conselhos de Ângelo Correia e de Eduardo Catroga, já muito afastados dos factores da sociedade de hoje.

Abraços
João