O assunto dos funcionários calões e incompetentes, que têm conversas intermináveis com os colegas em lugar de nos atenderem e que não se dignam interromper para o fazer, que extraviam os documentos, que não tratam dos processos acertadamente e tantas outras coisas registadas, tem sido focado neste blog. São factos falados e bem conhecidos.
O que espanta é a ousadia de fazerem greve quando – quer o reconheçam, quer não – são dos empregados mais privilegiados no país. Têm razões de queixa justificadas, mas os outros têm-nas bem maiores. Repete-se que o nivelamento por baixo é irrecomendável, indesejável e prejudicial a todos e ao país em geral, mas não é ocasião para reivindicar aumentos de regalias e muito menos de ordenados.
O que o governo deveria fazer era o que se verificou na Irlanda e na Grécia, mas os ladrões preferem apenas escravizar o povo enquanto eles continuam intocáveis. As primeiras medidas a tomar seriam a diminuição dos ordenados dos governantes e de todos os dirigentes e pessoal da administração do estado, sem excepções nem discriminações.
Como os ladrões não fazem, dando o exemplo, logo estão a provocar as greves do tipo daquela a que assistimos. Por seu lado, os sindicatos, agindo do modo idêntico ao do passado, continuam a fazer greves estúpidas, esquecendo-se das necessidades de que deveriam realmente reclamar.
Entre tantas greves que esses desorganizadores montaram, nem uma foi no sentido de garantir um emprego mais estável (por exemplo), como exigir a formação contínua dos assalariados ou para que as entidades patronais fossem recicladas. Estes dois pontos constituiriam os principais alvos para a aplicação dos fundos de coesão, como o seu nome tão bem indica, desbaratados – e sobretudo roubados – pelos governos do Cavaco, preparando assim o país para o estado em que se encontra actualmente. Não aconteceu por obra e graça do Espírito Santo e muito menos por acaso.
Temos assim uma greve de calões a quem, vista a sua produtividade, se deveriam diminuir os ordenados, indubitavelmente provocada pela corrupção da casta mafiosa das oligarquias políticas. Não só o governo é culpado, como o são todos aqueles que aprovaram este orçamento de fantochada, como descrito neste blog.
Por muito que o Sócrates agora faça armado em empresário e caixeiro viajante com séquitos tão numerosos, não será possível em tão pouco tempo inverter uma situação estável criada de modo tão eficiente. É tão incapaz como qualquer outro, tretas políticas. Não tem cura está para durar e o cobarde aldrabão dão informa as pessoas, nem os jornaleiros e todos vivem enganados. O atraso do país, precedente à Abrilada era de cerca de 22 anos sobre a média europeia; há cerca de dois anos, segundo o Eurostat, tinha passado para 52.
A crise é tão profunda que nenhum governo de nenhum partido nem qualquer conjunto de medidas poderá fazer recuperar o país nos próximos 15 anos ou mais. Qualquer pretensão não pode passar de vigarice eleitoral para a conquista dos tachos e do direito ao roubo impune. Obrigado Cavaco, que o povo carneiro já te agradeceu elegendo-te para presidente.
Actualização
Em 5-2-2010
Sobre o assunto deste post é interessante ler o seguinte artigo.
Por João José Brandão Ferreira
Confrontados com os desatinos que estão a pôr os Estados à beira da bancarrota e as nações na esquina de graves confrontos político-sociais, o actual governo irlandês tomou a decisão – certamente uma entre muitas – de cortar os vencimentos dos funcionários públicos em 10%. É certo que o combate a esta crise de contornos globais implica um conjunto de medidas complexas e complementares tanto de carácter nacional como internacional.
Mas não é isso que interessa analisar agora, o que interessa é elucidar este particular. O governo irlandês não se limitou a cortar os 10% ao funcionalismo, também cortou 15% ao vencimento dos ministros e 20% ao do primeiro-ministro. E assim é que está certo. Havendo uma hierarquia no Estado, na sociedade, nas empresas e nas instituições, etc., quem tem mais responsabilidades é que tem de dar o exemplo e a seguir tem que se revelar competente a resolver os problemas, sem esquecer a justiça social com que o faz, isto é, a divisão equitativa do esforço e da recompensa. Só assim é que a população pode rever-se e acreditar na liderança que tem – e neste caso, bem ou mal, elegeu - e darem-se todos as mãos para saírem da(s) crise(s) em que a roda da vida, ciclicamente as imerge. O que acabo de escrever, não é demagogia, não são frases ocas, não são figuras de retórica. As pessoas pensam assim e as coisas passam-se assim.
Ora, em Portugal, tudo corre ao contrário do que devia. Além de esconder (mentir) miseravelmente e de uma forma continuada, as graves realidades que afectam o Estado e a Nação (palavra maldita…), quando há um aperto qualquer a que já se não pode fugir ou escamotear, os responsáveis políticos que nos regem atiram, constantemente, o ónus da resolução dos problemas – de que eles são os principais responsáveis! - para cima do desgraçado do contribuinte, ou para as calendas da dívida pública. E nunca dão o exemplo. Por isso é que a Presidência da República continua a custar mais ao erário público do que a Casa Real Espanhola; o orçamento para a AR não pára de aumentar; os 13(!) juízes do Tribunal Constitucional – que é um tribunal de nomeação politica – usufruem de carros de luxo no valor estimado de cerca de 700.000 euros que , aparentemente, podem utilizar para uso pessoal – o que é excepção aos outros tribunais; a contribuição pública para os Partidos Políticos – que estão a caminho de ser não "pilares estruturantes da democracia", mas os seus coveiros – é um sorvedouro, que nunca ninguém perguntou ao povo se queria pagar (na Idade Média teriam que se reunir Cortes para isso…); os gestores públicos continuam a usufruir de honorários e prebendas, pornográficas enquanto a maioria das empresas públicas acumula deficits exponenciais. A injustiça no pagamento de impostos
é aquilo que se sabe e o ridículo (e falta de vergonha na cara) já teria morto o governador do Banco de Portugal quando se esfalfa a defender a diminuição dos réditos do cidadão comum, quando ele ganha mais do que o seu congénere estado-unidense, e nem sequer consegue controlar – ou dar conta! – das vigarices que se têm passado no sistema financeiro português de que os casos mais eloquentes não saem das páginas dos jornais.
Os bens nacionais têm sido saqueados, é o termo. E como não há autoridade nem bons costumes, a corrupção passou a campear infrene, ameaçando subverter o Estado e desqualificando-nos enquanto sociedade.
Perante todo este cenário, que é real, e por todos intuído, com diferentes graus de entendimento, alguém está à espera que a generalidade da população acredite nos políticos, aceite de boa mente o que dizem, e queira fazer sacrifícios para sair da crise? Só os tontos, mesmo.
A população (embora não isenta de culpas) está entretida a sobreviver e a acumular uma raiva – que ainda não é de morte, mas para lá caminha – enorme, à classe política.
Têm pomposamente chamado a este regabofe de “Democracia”, com algum pão e muito circo à mistura.
Tenham cuidado, pois não há pão que sempre dure e circo que não se acabe.
Como se vê, este artigo mais do que justifica o título do presente post. A má fé, tanto do governo como dos grevistas calões, é de tal ordem que torna impossível o conhecimento da verdadeira adesão à greve.
Neste blog e noutros sites do autor poderá prever o futuro do país tal como o presente foi previsto e publicado desde fins da década de 1980. Não é adivinhação, é o que nos outros países há muito se conhece e cá se negam em aceitar. Foi a incredulidade nacional suicidária que deu aos portugueses de hoje o renome de estúpidos e atrasados mentais que defendem os seus algozes sacrificando-se-lhes com as suas famílias. Aconteceu na Grécia, acontece cá e poderá acontecer em qualquer outro país.
Freedom of expression is a fundamental human right. It is one of the most precious of all rights. We should fight to protect it.
4 de março de 2010
Greve de Calões Provocada por Ladrões
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O EXEMPLO DA IRLANDA E O “CASO” PORTUGUÊS
Confesso que tenho pelo povo irlandês muita simpatia. São celtas "puros", católicos devotos e simples, gente sociável e amiga, temperada por um clima difícil e amalgamada por uma História algo injusta, onde um colonialismo inglês, muito pouco cristão, deixou um travo amargo. Vem isto a propósito da "crise financeira" – que é muito mais moral do que financeira – que abala o mundo, sobretudo o mundo ocidental. Também a Irlanda, depois de se ter alcandorado a um desenvolvimento recente muito elogiado, mas que se verifica agora ter sido fictício, entrou em crise profunda. E tanto maior é a crise quanto maior foi a ficção.
Autor: Mentiroso às 15:46
Tópicos: Atraso, Desenvolvimento, Direito à Greve, Função Pública, Ordenados, Roubo
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