O actual governo Sócrates-PS encontra-se comodamente instalado no poder e não o esconde. Desde o início desta governação que assistimos a uma arrogância dificilmente igualada em anteriores legislaturas. A maioria de que o PS dispõe na Assembleia da República dá ao Executivo uma larga margem de manobra para tomar as decisões políticas que bem entende, sem ter que apresentar justificações, salvo aquelas que as normas constitucionais - de que não se pode fugir, por enquanto - impõem.
No entanto, o primeiro-ministro e restantes amigalhaços do governo e do partido não ignoram um facto primordial de toda a democracia ocidental: a opinião pública, essa, a que está sempre presente, ali, a obervá-los, a julgá-los, a avaliá-los. É uma espécie de olhar omnipresente ao qual não se pode fugir, por mais que se queira. Uma espécie de Superego do governo e dos governantes. A máquina PS está sempre a medir esta opinião pública, a sondá-la, tal como se vê nas séries do tipo Os Homens do Presidente (aos domingos, 20.30, canal AXN, para quem não sabe). Ora, como nem o partido nem o seu chefe são ingénuos, toca de corresponder imediatamente ao que não está a correr bem nas sondagens. Embora, de forma geral, pareça que a vida não lhes corre de todo mal nestes últimos tempos, com o PS a liderar as preferências de voto dos portugueses, há estar atento sempre. E é isso que o primeiro-ministro faz, na sua infinita sabedoria.
José Sócrates, embora não seja homem de grandes multidões, aproveita todas as ocasiões públicas para fazer propaganda. Mesmo que a matéria sobre a qual tem que falar não seja muito substancial, do género "troço de auto-estrada", ou "inauguração de nova ala tecnológica na Escola XYZ", ou "visita a fábrica de papel selado, com recurso a métodos informatizados", o nosso PM aproveita para elogiar a sua governação, como se todos ignorassem o que ele está a fazer. Oferece à opinião pública o quadro geral de tudo o que existe de óptimo naquilo que ele e os seus ministros obram. Evitando, na medida do possível, a mentira descarada, facilita, embeleza. Portanto: distorce. E isto é grave e deve deixar-nos muito, mas mesmo muito, atentos.
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