Mentira!

Neste blog e noutros sites do autor poderá prever o futuro do país tal como o presente foi previsto e publicado desde fins da década de 1980. Não é adivinhação, é o que nos outros países há muito se conhece e cá se negam em aceitar. Foi a incredulidade nacional suicidária que deu aos portugueses de hoje o renome de estúpidos e atrasados mentais que defendem os seus algozes sacrificando-se-lhes com as suas famílias. Aconteceu na Grécia, acontece cá e poderá acontecer em qualquer outro país.
Freedom of expression is a fundamental human right. It is one of the most precious of all rights. We should fight to protect it.

Amnesty International


17 de fevereiro de 2007

Uma derrota da democracia parlamentar

Francamente, não sei se devo regozijar-me ou lamentar o referendo sobre o aborto que teve lugar no passado fim de semana. É que, para mim, as questões envolvidas em todo este fenómeno são tão complexas que me deixam o raciocínio em suspenso, talvez ao contrário de tantos comentadores e políticos, tão seguros das suas verdades.

No entanto, para mim, uma ideia surje clara: este referendo significa uma clara derrota da democracia parlamentar. De acordo com o sistema democrático, tal como foi prefigurado pelos seus ancestrais fundadores, o povo delegaria em representantes eleitos pelo povo o poder único de legislar. Ora, no caso da legislação sobre o aborto esta seria a prática que deveríamos esperar: que a Assembleia da República legislasse sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez, seguindo os parâmetros aplicáveis a toda e qualquer lei que promulga.

Não foi o que aconteceu: a figura do referendo transfigura o cenário sobre quem está na base da escolha democrática. O povo ou o Parlamento? Pode objectar-se que o actual referendo não é vinculativo, mas acaba por vincular deputados e políticos a uma decisão extra-parlamentar. Sempre fui contra o princípio do referendo por, fundamentalmente, contrariar o nobre ideal de uma democracia representativa. Agora, vejo que décadas de mau funcionamento puseram em causa o valor, que considerava indiscutível, dessa mesma democracia parlamentar.

1 mentiras:

A. João Soares disse...

Partilho das suas observações. E o mais caricato é os partidos, através dos seus grupos parlamentares, terem-se abstido de decidir sobe este assunto e terem-no entregado ao povo. Mas não deixaram o povo decidir livremente, e, com os seus mais altos líderes não deixaram de lhe ensinar como votar!! Se sabiam, então porque não decidiram na AR? E se não sabiam, então porque é que agora, sem uma maioria de votantes válida, interpretam o caso à sua maneira, ao contrário com a sua abstenção inicial na AR?
Realmente, não se pode chamar a isto Democracia. Mas as palavras já não valem aquilo que os dicionários dizem.
Um abraço
A. João Soares