Mentira!

Neste blog e noutros sites do autor poderá prever o futuro do país tal como o presente foi previsto e publicado desde fins da década de 1980. Não é adivinhação, é o que nos outros países há muito se conhece e cá se negam em aceitar. Foi a incredulidade nacional suicidária que deu aos portugueses de hoje o renome de estúpidos e atrasados mentais que defendem os seus algozes sacrificando-se-lhes com as suas famílias. Aconteceu na Grécia, acontece cá e poderá acontecer em qualquer outro país.
Freedom of expression is a fundamental human right. It is one of the most precious of all rights. We should fight to protect it.

Amnesty International


5 de março de 2007

Portugal do Terceiro Mundo
Na Ressaca do Referendo

Os abortos políticos quiseram politizar aquilo em que jamais deveriam ter metido a pata. Não diz respeito aos políticos nem aos partidos interferirem quando se trate dum referendo não político. Não têm esse direito, pelo que fazê-lo só pode tratar-se de abuso de canalhas, tal e qual os outros a que estamos habituados a assistir, mas também a reprovar.

Que princípio é este do médico de família, desconhecido em toda a UE? Só pode ser uma maneira de nos tirar a liberdade de escolher um médico. Porque quererão estes políticos abortos obrigar-nos a ser sempre inferiores a todos os outros? Assim, deste modo eles têm a nossa saúde na mão – ou a falta dela – e proíbem-nos de ter médico. Actualmente há cerca de 180.000 pessoas sem médico. E este número, que cresceu mais desde que o Durão mentiroso disse que as esperas iam diminuir, continua a aumentar em proporções cada vez mais aterradoras. Prova de que os políticos se empenham em acabar com a pobreza matando os pobres sem médico, sem medicamentos, sem dinheiro para comer. E fecham maternidades para fazer abortos nelas!

No caso do referendo, sem que as condições necessárias tivessem sido previamente estabelecidas como nos outros países, as tomadas de posição dos políticos foram tanto mais nojentas quanto mais grave a situação que anteriormente provocaram. As parcas condições desta imitação de sistema de saúde – que também nunca chegou a ter semelhanças com os dos outros países europeus, em que cada um escolhe o seu médico – teve o início da sua destruição pela mão do governo que provocou a falta de médicos actual, chefiado por aquele a quem erradamente chamam de brilhante economista. O tal que administrou tão bem os fundos coesão da UE como se sabe, distribuindo-os pelos políticos e amigos que com eles enriquecerem vergonhosamente, como se assistiu, pondo o restante em circulação, o que resultou na ilusão de grande poder de compra e numa enorme inflação. Não contente com a desgraça e miséria futuras que arquitectou e que agora sofremos, preparou ainda o golpe de misericórdia na população. Diminuindo drasticamente as vagas dos cursos de medicina, de que é consequente a actual falta de médicos, ao atraso e à miséria juntou a doença e o sofrimento pela saúde .

Verdadeiros golpes de mestre, amplamente relatados pelos jornaleiros e reconhecidos pela população de carneiros que por isso lhe quis mostrar esse reconhecimento, elegendo-o. Não é que Portugal é um verdadeiro paraíso para corruptos, malvados e todas as outras espécies de canalhas e parasitas que vivem à custa da miséria que implantam no povo? Haverá ainda quem acredite que os políticos algum dia deixarão de ser o que são, enquanto contarem com a aprovação da maioria dos pobres papalvos que neles continua a votar? É preciso ser português ou atrasado mental para se poder acreditar em tais baboseiras.

Foi assim que se chegou ao estado actual dos serviços de saúde. Os problemas que acaparram e desgraçam a população estão longe de se limitarem a este tópico; porém, o assunto aqui abordado restringe-se à saúde e à assistência que lhe é relativa. É neste sentido que para aqui se transcreve a quase totalidade dum artigo da autoria de Eugénio Fonseca, Presidente da Caritas Portuguesa. As implicações do que acontece e é imposto pelos políticos corruptos aos cegos de espírito, são nele bem elucidativas. A questão do círculo religioso de que o autor faz parte em nada afecta um assunto que diz respeito a princípios humanos, à saúde, à assistência psíquica e social da mulher e da família, assim como ao desprezo que políticos malvados manifestam pela população.


Durante as últimas semanas agitaram-se princípios, discutiram-se conceitos científicos, falou-se de vida e de concepção, estabeleceram-se diferenças entre procriar um ser e formar um futuro cidadão, tentou-se avaliar dissemelhanças entre a genética e as influências do meio envolvente, politizaram-se abertamente opiniões e argumentos, falou-se do papel da Igreja e do Estado, da posição e das influências das concepções religiosas de cada um, formaram-se grupos oficializados num processo mobilizador da sociedade civil - como é uso dizer-se agora -, enfim poucas vezes se viu na rádio, na TV, nos tempos de antena e nos jornais tanta opinião e tão díspares tomadas de posição.

E, no aceso das discussões e da apresentação das opiniões, foi sobressaindo um facto concreto duma importância que consideramos fulcral: a necessidade dum planeamento familiar que atinja todas as camadas sociais, a necessidade de implementar o ensino sobre a sexualidade na juventude, o repúdio da destruição da gravidez como meio anticoncepcional, a verificação de que se impõe à sociedade tomar medidas sérias e urgentes que verdadeiramente permitam que a mulher (e o homem responsável pela gravidez) não necessite, nem sequer de pensar em abortar.

Falou-se muito da fragilidade do ser em formação, à mercê ou não de decisões da mãe, discutiu-se sobre o direito da mulher poder ou não dispor do seu corpo, do seu ventre, de ter ou não em conta os direitos desse ser frágil e incapaz de se defender das prepotências dos adultos.

Falou-se do direito à vida, do direito a ser desejado e do direito a ser um ser adulto de posse de todos os seus direitos de cidadania.

Mas, no meio de todo este "ruído", o argumento que mais me confundiu foi o de não sermos um país tão civilizado como outros que já tinham assumido a liberalização do aborto, nas condições sujeitas a referendo. Mais perplexo fiquei quando, após a divulgação dos resultados, escutei que, a partir de agora, Portugal junta-se aos países defensores dos direitos humanos. Espante-se!

Gostaria, porém, que o grau de civismo de uma sociedade, incluindo a portuguesa, e a luta pelos direitos inalienáveis de cada ser humano fossem medidos pela necessidade de protecção a qualquer ser frágil - independentemente do seu estádio de vida - e com poucas possibilidades de se defender das agressões dessa sociedade.

E nesta linha não posso deixar de pensar que, neste mundo egoísta e individualista, existem milhões de excluídos, de pessoas sem assistência de qualquer tipo, sem tecto, sem água potável, sem medicamentos, e morrendo de fome, nos quatro cantos do mundo. Só, em Portugal, são dois milhões os que vivem no limiar da pobreza e a luta contra a droga, a gravidez precoce, a crescente desertificação ou massificação do litoral, que geram isolamento e solidão, são batalhas mal sucedidas. A lentidão da justiça e a dificuldade dos que não dispõem de recursos financeiros lhe terem acesso em tempo oportuno; o acesso a cuidados de saúde, muitos deles elementares, (milhares sem médico de família e/ou a aguardar uma intervenção cirúrgica) é ainda uma miragem para muitos portugueses; o insuces-so escolar e a falta de infra-estruturas sociais (creches, por exemplo), de ensino, de desporto, de cultura e de saúde são realidades sentidas em vastas zonas do país…

Por causa de tudo isto, e para que se construa um país verdadeiramente civilizado, gostaria que, uma vez resolvido com rectidão e sã consciência este debate de opiniões sobre o aborto, ficasse bem viva no coração de cada português esta necessidade de cuidar dos outros necessitados de apoio e ajuda.

Gostaria que, no seguimento da primeira encíclica de Bento XVI, o Amor aparecesse como fulcro da vida de todos nós, cristãos e não cristãos, como guia do comportamento de todos os cidadãos levando à anulação das condições geradoras de guerras, de terrorismos ou de corrupções.



Outro ponto de vista da situação, entendido por um médico, diferente do precedente, mas não menos explicativo, pode-se ver aqui. Duma coisa não resta qualquer dúvida: todos os governos têm demonstrado que a melhor construção começa pelo telhado e todos se têm esforçado em nos fazer crer que a população para eles só serve para a parasitarem e para viverem à custa dela. De resto que vão para o diabo, que rebentem para aí.

3 mentiras:

A. João Soares disse...

Felicito o amigo companheiro bloguista «Mentiroso» por não deixar morrer na indiferença este importante tema.

A leitura feita do resultado sobre a «liberalização» do aborto até às dez semanas veio permitir que os muitos abortos que eram feitos às escondidas e em condições precárias de higiene, colocando em risco as vidas das mulheres, passam a ser feitos com mais segurança, por ter deixado de ser considerado crime.
Isto. Só por si, é um avanço civilizacional.

Porém, oxalá não desapareça o respeito pelo ser humano desprotegido que confia na mãe, como sua hospedeira, e não passe a haver mais abortos em consequência da facilidade dada pelo referendo. Há quem proponha medidas de aconselhamento, e a intensificação da educação para o uso de medidas preventivas, para evitar a gravidez indesejada. Isso é indispensável, porque Portugal, para continuar a sua história, precisa de bebés, de crianças, de jovens, porque a população está envelhecida.

Um aspecto grave é o do SNS se essas cirurgias passarem a ser feitas nos hospitais do Estado, onde muitos doentes esperam meses por uma consulta e anos por uma cirurgia. Aí, como as abortantes não podem esperar além das dez semanas, serão os verdadeiros doentes ultrapassados nas listas de espera e terão de esperar mais, talvez até à morte. Mas, também neste aspecto, já há sugestões positivas: o facto de deixar de ser crime não significa que o aborto tenha de ser feito em hospitais do Estado, ou a expensas do dinheiro público, mas sim em clínicas particulares. Se deixam de pagar à abortadeira de garagem, passam a pagar a um clínica autorizada. Mas não vão prejudicar os doentes já tão massacrados pelo mau funcionamento do SNS. A gravidez não é uma doença, o feto não é um cancro, o espermatozóide não é um vírus, pelo que o Serviço Nacional de Saúde não deve prejudicar os verdadeiros doentes, quanto a consultas, a internamentos, cirurgias, comparticipações, etc., para apoiar quem deliberadamente destrói a evolução natural da vida devido a um descuido, desleixo, estupidez ou simples ignorância. Ensinem-se as mulheres quanto ao funcionamento do aparelho sexual e à forma como interromper o caminho dos espermatozóides para evitar a gravidez, e em caso de dúvida, têm a pílula do dia seguinte.

Cabe agora aos legisladores e governantes preparar o corpo legislativo mais adequado.
Tenhamos esperança, com algum optimismo, mesmo que este seja um pouco utópico.

Mas a população deve estar atenta e manifestar-se contra qualquer decisão que vá lesar os interesses dos doentes em fila de espera e dos dinheiros públicos.

Mentiroso disse...

O problema não reside na subsequente e indiscutível vantagem clínica. Está unicamente na falta de capacidade da mãe para tomar uma decisão e àquilo que ela tem de escolher devido às limitações impostas pelas condições de vida e de auxílio disponíveis, anteriormente abordados, como num link mencionado do post. Daí os políticos governantes porem sempre a carroça à frente dos bois. As «sugestões positivas» são completamente inúteis, pois que não substituem aquilo que já devia existir antes do aborto livre. Quanto ao SNS não prejudicar os doentes em favor das consultas abortivas, nas circunstâncias actuais em que há tantas comunidades com dezenas de milhares de pessoas sem médico para consultar, deixa lugar a sérias dúvidas e até certezas do contrário. Mais uma vez, começa-se pelo fim e é aí que residem todos os problemas de questões idênticas, pois que até «um descuido, desleixo, estupidez» são quase insignificantes face à mencionada ignorância e às condições do SNS. Qualquer caminho , no panorama actual lesará obrigatoriamente «os interesses dos doentes em fila de espera». Ter «esperança, com algum optimismo», que «legisladores e governantes» preparem «o corpo legislativo mais adequado», face às intermináveis provas continuamente já dadas nesse sentido, tem que se concordar que é realmente utópico.

Anónimo disse...

Caro metiroso, gostei na sua maioria em que aborda vários contextos neste texto.

"De resto que vão para o diabo, que rebentem para aí."

Abraços
MR